Apesar de goleada, alemães conquistam a simpatia do Brasil
Craques germânicos aprenderam frases em português, torceram pela Seleção e fizeram declarações de amor ao país
Se em 1950 foi a seleção do Uruguai que acabou com o sonho brasileiro de vencer uma Copa do Mundo em casa, em 2014 coube à Alemanha o papel de vilã. No entanto, ao contrário de nossos vizinhos, que até hoje não perdem a oportunidade de relembrar seu triunfo em tom provocativo, os germânicos estão fazendo de tudo para conquistar a simpatia brasileira.
O esforço de “relações públicas” começou antes mesmo do início da competição. Ainda em 2013, a federação alemã divulgou um vídeo no qual o atacante Cacau, que nasceu no Brasil, mas se naturalizou e jogou pelo país europeu, ensina o goleiro Manuel Neuer, o lateral Philipp Lahm e o técnico Joaquim Löw a falar algumas frases em português. Em fevereiro, a Alemanha marcou mais um gol junto à torcida brasileira ao lançar um segundo uniforme inspirado no Flamengo, time de maior torcida do país.
Ao desembarcar no Brasil para a disputa da Copa, os alemães deixaram de vez a imagem fria que carregavam e passaram a divulgar uma série de materiais com seus craques se esforçando para assimilar nossa cultura. Em 9 de junho, por exemplo, os jogadores receberam a visita dos índios pataxós, e até arriscaram alguns passos de dança com eles.
Na sequência, Neuer e o meia Bastian Schweinsteiger se deixaram ser filmados com a camisa do Bahia. Mais do que isso, os dois se juntaram a um grupo de torcedores e passaram a pular e cantar “Baêa, Baêa” no meio da rua. Não satisfeita, a dupla mostrou de vez seu lado fanfarrão ao arriscar alguns passos de “Lepo-lepo” e “Eu quero tchu, eu quero tchá” com um professor de dança brasileiro.
Quando a Copa começou, as manifestações de carinho pelo Brasil ficaram menos frequentes, por conta da alta dedicação exigida pela competição. Mesmo assim, Schweinsteiger e o atacante Lukas Podolski arrumaram um tempinho para torcer efusivamente pela Seleção Brasileira na partida contra o Chile. Em um vídeo, os dois aparecem enrolados em uma bandeira brasileira enquanto acompanham a disputa de pênaltis pela televisão e vibram bastante com o triunfo verde e amarelo. A federação alemã também fez a sua parte, e poucos dias antes do duelo com o Brasil divulgou um vídeo com cenas de bastidores da campanha do país embalado pela música “Luz de Tieta”, de Caetano Veloso.
Além disso, desde o início da Copa, alguns atletas germânicos passaram a publicar mensagens em português em suas contas pessoais de redes sociais como Facebook, Instagram e Twitter. Um dos mais ativos neste quesito foi Podolski. Ele pouco jogou neste mundial, mas já elogiou ídolos como Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Também disse que estava encantado com o Brasil, se mostrou triste pela lesão de Neymar e ainda pediu respeito à história da Seleção, após os europeus aplicarem uma impiedosa goleada de 7 a 1 na semifinal.
Para completar, o zagueiro Mats Hummels revelou, em entrevista ao jornal inglês Daily Mail, que no intervalo do jogo contra o Brasil, quando a Alemanha já vencia por 5 a 0 e estava com sua classificação encaminhada, os atletas se reuniram e fizeram um pacto para continuar jogando sério e não ridicularizar o país pentacampeão.
Os alemães voltaram do vestiário, fizeram mais dois gols e foram aplaudidos de pé por parte da torcida brasileira presente no Mineirão. Nada mais justo. Afinal, depois de tanta boa vontade em aprender com nosso país, os germânicos chegaram à final da Copa do Mundo dando uma verdadeira aula de futebol ao Brasil.