Técnico da base relembra bronca que levou Hulk às lágrimas
Treinador chegou a levantar o atacante pelo colarinho ao repreendê-lo por má atitude durante uma partida
Ainda atleta amador, ele não gostava de perder nem mesmo os treinos mais descontraídos e costumava ficar no campo após o fim das atividades para treinar chutes e cobranças de falta. Assim era Givanildo Vieira de Souza, o Hulk, umas das grandes esperanças de gol da seleção brasileira nesta Copa do Mundo. Passados quase 15 anos, João Paulo Sampaio, um de seus treinadores nas categorias de base do Vitória, aposta nessa mesma determinação para ver o atacante brilhar durante a competição.
João Paulo, hoje gerente de futebol profissional do clube baiano, conheceu Hulk quando o atleta tinha 16 anos. O garoto era lateral esquerdo, mas já se destacava pela força física e pelo chute preciso. “Ele ganhava as jogadas na força e finalizava muito bem, decidindo vários jogos para a equipe. Por conta disso, um dos treinadores dele na época, o Chiquinho de Assis, o deslocou para a meia, para que ele atuasse mais perto do gol. Logo depois, acabou virando atacante”, lembra.
Outra característica era a competitividade. Segundo o antigo treinador, Hulk costumava dizer que jogava para ajudar o pai e a mãe, moradores do interior da Paraíba. Por isso, disputava cada lance como se estivesse faminto atrás de um prato de comida.
Tamanha fome de vencer às vezes rendia alguns problemas. “Ele era muito fominha.” Uma vez, durante uma partida, João Paulo cobrou Hulk para que passasse a bola. “Ele olhou para mim, abriu os braços e falou para eu deixá-lo jogar”, recorda. Depois do apito final, já no vestiário, João Paulo pegou Hulk pelo colarinho da camisa e o levantou do chão. “Eu falei para ele nunca mais discutir com um treinador no meio do jogo, pois quem abre os braços é só o Cristo Redentor, lá no Rio de Janeiro. Ele chegou a chorar nesse dia, mas depois eu me arrependi – ele já era bem maior do que eu, se quisesse me bater, eu teria levado uma surra.”
A dedicação de Hulk nos treinos era tamanha que em alguns momentos era preciso insistir muito para que parasse. “Às vezes ele exagerava, e tínhamos que brigar com ele para que não se machucasse”, relembra o treinador. “Tenho muitas lembranças boas dele. Se depender da vontade e da capacidade do Hulk, tenho certeza de que vamos ganhar esta Copa do Mundo.”