Críticos da Copa também lamentam derrota do Brasil
Em seus barracos de madeira, muitos moradores do assentamento Esperança, a 40 km de Brasília, desligaram suas TVs com tristeza após a derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, nesta terça-feira, na semifinal da Copa do Mundo.
"Já não consigo ver mais", disse uma mulher chorando antes do final da partida.
"Para que gastar tanto com os estádios, trazer a Copa do Mundo para o Brasil? Para não ganhar nada?!" - perguntou María José Costa Almeida, 35 anos. "Agora muita gente se dará conta disto".
"Esperança de um Novo Milênio" é um assentamento irregular onde vivem 52 famílias em barracos desde 2010, nos arredores da cidade de Planaltina.
Boa parte dos moradores são do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que se fez muito visível nos protestos contra os gastos públicos com a Copa, e exige mais casas populares em um país com déficit de seis milhões de residências.
Maria Rita dos Santos, 53 anos e sete filhos, chegou ao assentamento quando ficou viúva: "não tínhamos condição de pagar aluguel, só nos restou juntar as coisas e fazer um barraco".
"Com o futebol, se o Brasil ganha, você se esquece das dificuldades".
Cristina Oliveira, de 32 anos e cinco filhos, destacou que "todos sabiam que a Copa acabaria e que voltaríamos aos nossos problemas, à chuva, a nossas casas inundadas", mas ninguém esperava uma derrota assim.
"Criticamos o legado da Copa, que são estádios muito caros e inflação muito alta. Não somos contra a Copa, mas sim contra gastos e medidas como a especulação imobiliária que afetou muitas famílias", destacou Edson Silva, um líder do MTST em Brasília.