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Terra na Copa

Esquema de ingressos funcionava como "bolsa de valores"

De acordo com delegado que comanda investigação sobre quadrilha que desviou ingressos da Copa do Mundo, valores dos bilhetes se alteravam de acordo com as seleções que iam se classificando

3 jul 2014 - 14h47
(atualizado às 14h47)
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Polícia apertou cerco contra operações de cambismo na Copa
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra

A quadrilha desarticulada pela operação "Jules Rimet", da Polícia Civil, que praticava o desvio e cambismo de ingressos para a Copa do Mundo de 2014, usava de um artifício comum no meio para chegar ao faturamento estimado de R$ 200 milhões somente neste Mundial da Fifa. Cada bilhete adquirido para a fase de mata-mata se transformava, automaticamente, em uma espécie de ação digna dos maiores mercados financeiros do mundo.

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"É como se fosse uma bolsa de valores", afirmou o delegado titular da 18ª DP, Fábio Barucke, responsável pelas investigações que lavaram à prisão, até o momento, de 11 pessoas envolvidas nesta suposta quadrilha.

"Eles esperavam as seleções passarem para ver os preços a serem cobrados", explicou ainda. De acordo com Barucke, nas cerca de 50 mil escutas telefônicas feitas antes mesmo de a Copa do Mundo ter início, "flagramos eles cobrando R$ 15 mil para a final. E se o Brasil fosse para a decisão, seria R$ 35 mil" para cada ingresso. "Ia avançando conforme a importância da partida".

A central da quadrilha funcionava num apartamento alugado, na Barra da Tijuca, junto ao ex-jogador da Seleção Brasileira Júnior Baiano. Foi lá que foi preso o argelino Mohamoud Lamine Fofana, tido como um dos chefes do bando - a PC-RJ ainda tem informações de que um membro da Fifa também estaria envolvido.

"(A investigação) ocorreu de forma sigilosa, não tinhamos comunicado a ninguém da Fifa. A partir de agora, nós identificamos alguém, vamos pedir auxílio à Fifa para que nos possa dar documentação para que eles possam nos ajudar e rever essa postura de distribuição de ingressos", explicou o delegado.

"A rede de envolvidos dele é muito extensa. Durante a fase de grupos, com três jogos por dia, que foi a fase de constituição de provas. Não deu tempo de identificar todos. Tem um chinês em São Paulo que está fazendo essa parte de São Paulo. Tem muita coisa para ser desvendada", complementou.

Envolvida nas doze cidades sedes do Mundial, a quadrilha tinha membros que conseguiam ingressos junto também à agências de viagem, como a Match Services, localizada em Copacabana, no Rio de Janeiro.

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"Era para qualquer jogo aqui no Brasil. Eles remetiam (esses bilhetes) por malote via aéreo. Em todos os lugares eles tinham gente para pegar esses ingressos nos aeroportos e revender. Alguém que sempre buscava nos aeroportos. Também estamos tentando identificar essas pessoas", esclareceu ainda Barucke.

Outra fonte era organizações não-governamentais que teriam acesso a ingressos a título de caridade para moradores de comunidades do Rio de Janeiro. "Identificamos isso como fonte. No nosso material, vimos a participação de um DJ da Vila Kennedy (zona oeste do Rio) que tinha essa missão de levar ingressos para a quadrilha. Ele vai ser indiciado assim que qualificado. Ele pegava esses ingressos das ONGs e passava para a quadrilha", finalizou.

Fonte: Terra
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