Estrelas em sorteio, Zidane e Ghiggia instigam brasileiros por passado
Havia gente importante em volta. Fernando Hierro, diretor da Federação Espanhola, e Cafu, ligado à organização da Copa do Mundo. Ex-melhores do mundo, como Lothar Matthäus e Fabio Cannavaro. Heróis de Mundiais, como Mario Kempes, de 1978, e Geoff Hurst, de 1966,. Mas duas das oito estrelas que sortearão as bolinhas da Copa do Mundo de 2014 na próxima sexta é que monopolizaram a atenção: Alcides Ghiggia, o carrasco brasileiro de 1950, e principalmente Zinedine Zidane, algoz de 1998 e 2006.
No sorteio final para a Copa, Ghiggia e Zidane terão novamente a possibilidade de, mesmo que subjetivamente, ajudar a definir o destino do Brasil e das demais 31 seleções. Mais experiente da entrevista, o uruguaio Ghiggia, aos 83 anos, ainda mostra certo entusiasmo para se lembrar do Maracanazo.
"É um pouco difícil de julgar", disse Ghiggia sobre eventuais favoritas a atrapalhar o caminho do Brasil. "Mas sem dúvida que há seleções superiores a outras. Acho que Felipão sabe que tem uma boa Seleção, que está preparado, mas no futebol temos que ter sorte. Que me perdoem os outros, mas adoraria ver uma final entre Brasil x Uruguai para ver o que vai acontecer", sorriu.
Tímido e discreto, Zidane ainda assim desperta atenções. A cada cinco perguntas, em média, três são para ele na Costa do Sauípe. Ele responde com clareza, atenciosamente e justifica a simpatia que gera nos brasileiros mesmo com sua história de carrasco. Além de marcar dois gols na decisão da Copa de 1998, foi o grande jogador quando a França tirou o Brasil nas quartas de final em 2006.
"Sempre fui calorosamente recebido, com muito carinho, tenho excelentes lembranças do Brasil. Ninguém fica contra mim pelo que aconteceu", justificou Zidane. "Estou muito feliz de estar no Brasil. É o país do futebol e quando me convidaram aceitei na hora, rapidamente. Estamos aqui para sortear, enfim, tirar as bolinhas. Estamos aqui para isso e será surpresa para todos", minimizou sobre suas possibilidades de indicar algum caminho no sorteio.
Perguntado sobre 1998 ou 2006, Zidane não pestanejou e reconheceu a importância da vitória mais expressiva da história do futebol francês. "98 é uma das lembranças mais doces da minha vida", disse ele, derrotado pela Itália na outra decisão de Mundial. "Quando temos aquela camisa amarela na nossa frente, é complicado, mas minha geração teve a sorte de ganhar e foi a coisa mais linda que aconteceu com jogadores na França".