Antes de sentar-se ao lado do apresentador Jô Soares seguidas vezes no programa da Rede Globo, o músico Rogério Skylab passou 28 anos "sentado no escritório", como diria Luiz Felipe Scolari, como funcionário do Banco do Brasil. Autor do hit "Matador de Passarinho", o sarcástico e excêntrico artista condenou a declaração do novo técnico da Seleção Brasileira sobre os bancários.
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"O Felipão é desbocado mesmo, ele sempre fala besteira. Pela minha experiência pessoal no Banco do Brasil não é nada disso. Eu sempre ralei. Não tem esse negócio de cruzar os braços. O Banco do Brasil conta com o pessoal mais qualificado do setor, já que para entrar é necessário passar por concurso", rebateu Skylab, que financiou sua carreira artística com o salário recebido na instituição financeira, já que não contava com apoio de uma gravadora.
Felipão despertou a ira dos bancários na quinta-feira, dia em que foi anunciado como sucessor de Mano Menezes no comando da Seleção Brasileira por José Maria Marin, presidente da CBF. "Se não quiser pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada", disse o treinador.
A declaração gerou desconforto na classe, a ponto de o Banco do Brasil e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro emitirem notas oficiais para reprovar a posição do novo técnico da Seleção, que, diante da repercussão negativa, resolveu pedir desculpas a Aldemir Bendine, presidente da instituição fundada em 1808.
"O Banco do Brasil sempre teve um problema de imagem diante do público. A opinião do Felipão representa a opinião de uma parcela da população, que vê a instituição como cabide de emprego, mas na verdade ela é a antítese disso. É uma imagem equivocada e superficial", condenou Skylab.
Torcedor do Fluminense, o músico foi ao Maracanã pela primeira vez com apenas cinco anos, junto com o pai. Frequentador assíduo do estádio desde então, o tricolor ficou aliviado por ver Carlos Alberto Parreira, com passagens marcantes pelo time de coração, apenas como coordenador técnico.
"Fiquei com um medo desgraçado de o técnico ser o Parreira. Ele é tricolor, mas eu não suporto o Parreira. É um cara muito intelectualizado, mas conservador e defensivo. Apesar de o Felipão abrir a boca para falar besteira, prefiro ele mil vezes. O Parreira é um vaselina, um nhé-nhé-nhé do cacete", afirmou.
Para o músico, o clamor por renovação na Seleção Brasileira após a eliminação na Copa do Mundo da África do Sul 2010, encampado pela imprensa, abreviou a passagem do técnico Mano Menezes, demitido após 21 vitórias, seis empates e seis derrotas.
"Essa renovação, defendida pela crônica esportiva, foi uma besteira do tamanho de um bonde. O Mano não foi bem, p...! Vai querer ficar defendendo o Mano? Não dá! Fazendo uma análise fria dos resultados, dá para perceber que alguma coisa estava errada. A solução é recuperar a história e mesclar com os novos valores. Vai negar o Kaká? Vai negar o Ronaldinho?", questionou.
Em "Matador de Passarinho", seu maior hit, Skylab ‘mata’ joão-de-barro, pintassilgo, pinta-roxo, pica-pau, colibri, canário-belga, araponga, açum-preto, curió e bem-te-vi, entre outras espécies. Bem-humorado, o artista diz já ter perdido a paciência com Alexandre Pato, mas ainda acredita no possível sucesso de Paulo Henrique Ganso.
"Para o Ganso, eu daria uma nova chance na Seleção Brasileira. Para o Pato, acho que não. Ele já teve muitas oportunidades e não conseguiu aproveitar. Aquela posição de centroavante é complicada. Para o Pato, eu fecharia a porta. Acho que não dá mais", disse o Matador de 'Canarinho'.
Dez anos depois, Luiz Felipe Scolari está de volta à Seleção Brasileira. Nesta quinta-feira, na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, o técnico foi confirmado como substituto de Mano Menezes, após mistério feito pelo presidente da entidade, José Maria Marin
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Sem medo de assumir o favoritismo da Seleção, o treinador destacou em seu primeiro discurso após retornar ao cargo sua felicidade em contar com a presença de Carlos Alberto Parreira no cargo de coordenador
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"Você fez plástica, Parreira?", questionou Scolari, arrancando gargalhadas dos presentes. "O Parreira está mais bonito. Eu que não consegui fazer plástica ainda", acrescentou o ex-treinador do Palmeiras
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Em seu retorno, Felipão comparou o momento atual a quando assumir a Seleção pela primeira vez, em 2001, às vésperas da Copa do Mundo disputada em Coreia do Sul e Japão
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Assim como Felipão, Carlos Alberto Parreira também retornou à Seleção Brasileira, desta vez como coordenador técnico
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De volta ao comando da Seleção, Felipão foi apresentado em evento que contou com a presença do presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero
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Felipão foi apresentado e exaltado pelo presidente da CBF José Maria Marin
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Em suas primeiras palavras no retorno à Seleção, Felipão ressaltou que "é bom que seja bem colocado a todos os brasileiros: nós temos a obrigação sim de ganhar o título"
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Apresentação de Parreira e Felipão contou com muito momentos de descontração entre os dirigentes do futebol brasileiro
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Em seu retorno à Seleção, Parreira agradeceu a cúpula da CBF pela confiança depositada em seu trabalho
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Scolari fez uma previsão sobre como será o trabalho com Parreira. "Acho que os estilos vão se fundir. E serão adaptações que faremos de uma maneira muito legal", comentou Felipão.
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Quando demitiu Mano Menezes do comando da Seleção Brasileira na última sexta-feira, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, havia avisado que seu substituto só seria anunciado em janeiro de 2013. Entretanto, seis dias depois, nesta quinta, a entidade confirmou a contratação de Luiz Felipe Scolari
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Após ser apresentado como substituto de Mano Menezes, Felipão evitou falar sobre a construção de uma nova "Família Scolari" na busca pelo hexa
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Comandante do penta, Felipão quer ser hexa no Brasil
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José Maria Marin explicou por que escolheu a dupla e vetou o espanhol Pep Guardiola
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Felipão e Parreira mostraram entrosamento durante a apresentação desta quinta-feira
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Na Copa de 2002, Felipão foi campeão com 100% de aproveitamento, vencendo a Alemanha na final em Yokohama, no Japão
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"É com bastante alegria que volto a trabalhar num grande projeto da Seleção Brasileira, que é o Mundial de 2014", ressaltou o ex-treinador do Palmeiras
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"Juntando todos os requisitos, assumimos a responsabilidade de entregar o destino da Seleção nas mãos competentes, na capacidade reconhecida, e na experiência já testada através de títulos conquistados", ressaltou Marin
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"Queria agradecer às pessoas, que com a melhor das intenções, sugeriram um treinador estrangeiro. Um técnico estrangeiro merece nosso respeito por qualidade e conhecimento, eu o conhecia como técnico de equipe, e não de seleção, o que é totalmente diferente", disse o presidente da CBF, José Maria Marin
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Felipão foi apresentado por José Maria Marín e pelo vice-presidente da entidade e presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo del Nero
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Felipão tentará repetir o sucesso com a Seleção na busca dos títulos do Mundial de 2014 e da Copa das Confederações em 2013
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"Com a experiência de ter alguém como o Parreira, fica mais tranquilo", disse Felipão
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"O objetivo é um só: não passa pela nossa cabeça não ganhar a Copa do Mundo", afirmou Parreira
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Evento também contou com a presença de Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro