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Terra na Copa

ONGs discutem alternativas para crise do Sistema Cantareira

3 jun 2014 - 21h27
(atualizado às 21h47)
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Para tentar conter crise da água em São Paulo, Sabesp inicia retirada da água do chamado volume morto
Para tentar conter crise da água em São Paulo, Sabesp inicia retirada da água do chamado volume morto
Foto: Alan Morici / Terra

A Rede Nossa São Paulo, o Programa Cidades Sustentáveis, o Instituto Ethos e o Instituto Socioambiental (ISA) divulgaram nesta terça-feira um manifesto pedindo maior transparência na discussão sobre o abastecimento de água da capital paulista e região metropolitana de São Paulo. O documento foi divulgado durante um debate sobre a crise do Sistema Cantareira, que abordou os desafios e possíveis soluções para o problema do baixo nível de água nos reservatórios. 

No texto, o grupo reivindica transparência total nos dados relativos à geração elétrica, com detalhamento de fontes e medidas que serão adotadas para manutenção do abastecimento, de forma que a sociedade fique informada sobre a real condição do sistema. Pede ainda a criação de uma comissão formada por representantes da academia, das empresas, da sociedade civil e de secretarias de governo.

A ideia é que o colegiado discuta estrategicamente o futuro da matriz energética brasileira e a contribuição de diversos setores para seu desempenho, além de debater ações de curto, médio e longo prazo para evitar situações semelhantes no futuro. A carta será entregue ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e à presidente Dilma Rousseff.

O coordenador executivo da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, Maurício Broinizi, disse que o debate pretende mostrar que o Sudeste não pode depender exclusivamente das chuvas para abastecer os reservatórios de água que servem a região. “Nós precisamos proteger esses recursos naturais e a produção da água. Precisamos urgente de um programa de proteção às nascentes, de recuperação das matas ciliares e ao mesmo tempo, na cidade, de inverter a cultura do desperdício”.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Defesa do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público, Rodrigo Sanches Garcia, explicou que o órgão vem acompanhando a renovação da outorga do Sistema Cantareira, feita há dez anos e com vencimento previsto para agosto deste ano. “Desde junho do ano passado acompanhamos as negociações de renovação. De dezembro para cá começaram a ser divulgadas as informações de que o balanço hídrico está muito baixo e que isso poderia levar a uma crise do sistema”.

Sanches informou que o Gaema fez, em fevereiro, uma recomendação para que o volume de água  extraído fosse diminuído, o que não foi atendido e levou à piora da crise. “Em março, houve uma redução, mas ainda não suficiente. O que questionamos é por que não houve uma redução lá atrás quando poderia preservar o sistema por mais tempo. Era possível fazer uma redução em janeiro”, avaliou. 

O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, disse que as pessoas têm se preocupado com a possibilidade de falta de água durante a Copa do Mundo que começa daqui a poucos dias, mas que o problema principal pode não ocorrer no próximo mês, mas daqui a pelo menos quatro meses quando o Mundial já tiver terminado. “Nossa preocupação é com nossa população, com nossa situação nas cidades, no Sudeste. Por que o governo não usa seu poder de convocação, de diálogo para discutir, conscientizar? As transformações vêm daí. E esse problema não é desse ano, isso poderia ter sido enfrentado de outra maneira”.

A colaboradora do ISA, Marússia Whately, classificou a crise do Sistema Cantareira como a pior do sistema e da região e destacou que o problema é resultado de um verão mais seco este ano, mas com influência de outros verões menos chuvosos. “Apesar disso, continuamos tirando a mesma quantidade de água. Outro aspecto que também piora a intensidade da crise é o fato de o Sistema Cantareira ter suas condições naturais muito comprometidas, com 70% da sua área desmatada. Além disso, as áreas de preservação permanente não estão mais com vegetação, coisas que são fundamentais para o ciclo de produção de água." 

A crise no sistema Cantareira A crise no sistema Cantareira

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