Trabalho de gandula motiva adolescente a seguir no futebol
Para atuar na linha de trás de campo, 445 crianças e adolescentes foram selecionados pela Coca-Cola
Por uma grande porta, um adolescente de 16 anos entra sozinho no Ginásio Municipal de Alvorada, na Grande Porto Alegre (RS). O boné virado para frente esconde parte do penteado. O moleton dois números maiores dá estilo ao visual e o faz lembrar um jogador de futebol. Se depender da vontade de Piterson Alencar Heinrich da Silva, correr atrás da bola de futebol é o que ele deseja para o resto da vida.
Com o sonho de lançar-se como um famoso atleta, o garoto entrará em campo no dia 30 de junho, durante os jogos das oitavas de final, e ficará perto de grandes craques. Só que em vez de atuar nos gramados como jogador, será gandula da Copa do Mundo. O exercício durante o mundial é uma realização para ele e serve como motivação para o futuro.
“Eu jogava em uma escolinha da cidade, o professor me viu em campo e me levou para outra escola maior”, lembra Piterson.
Natural de Alvorada, o adolescente começou no futebol aos 6 anos e era incentivado pela mãe. Em pouco tempo, chamou atenção devido à agilidade e à capacidade de condução de bola. Confiando na técnica do garoto, o mesmo professor conseguiu um teste para que ele entrasse na categoria de base de um dos principais times gaúchos, o Internacional.
“Fui bem em todas as etapas, mas não entrei no finalzinho porque sou muito baixo. Todos os jogadores de lá são altos”, revela com pesar.
Com a primeira derrota, o garoto não se abalou. Assim, a Alvorada e começou a jogar no Cruzeirinho, escolinha local, onde está até hoje.
“É um time de amigos. A gente quase não treina né, mas o time é bom, os guris bons. A gente se conhece bem.”
A Copa Coca-Cola 2013
Piterson e mais 444 jovens foram selecionados pela Coca-Cola para trabalhar como gandula durante a Copa. Para conseguir a vaga, eles tiveram de suar a camisa em seus times para vencer, no ano passado, a Copa Coca-Cola. A competição é realizada todos os anos e, na última edição, os vencedores ganhariam como prêmio a possibilidade de pisar no gramado da Copa do Mundo.
Depois da vitória, Piterson passou por treinamentos. Dos cerca de 600 garotos e garotas, 445 foram selecionados após passarem por rigosora avaliação da Fifa. Os jovens foram elencados de acordo com notas dadas para seu preparo físico e mental.
Sonho no futebol
Atuar como gandula na Copa é uma realização para Piterson, principalmente por ter a chance de estar ao lado de grandes nomes do futebol. Assim como garotos que aprendem a jogar em campos de areia, muitos com chuteiras rasgadas mas com um sorriso no rosto, o novo gandula quer chegar a um clube. “Não precisa nem ser tão grande, mas estar dentro de um clube já é o primeiro passo”, diz.
Com coração colorado, ele garante que faria testes no Grêmio e, se preciso, jogaria no clube rival. “É pelo sonho”, conta o garoto.
Para chegar lá, a família é peça fundamental. Sem o apoio dos pais e do irmão mais velho, Piterson não estaria driblando adversários na ponta esquerda do ataque. “Todos são muito importantes porque estão sempre me apoiando. No colégio, no futebol, em tudo. Sempre me dando as coisas, chuteiras e uniformes. Precisa de dinheiro para jogar futebol né? Não é fácil”, conta.
Se depender da família – sobretudo do pai – , do seu técnico e, principalmente, da sua vontade, o adolescente não será apenas gandula da Copa do Mundo. Trabalhar no mundial servirá como motivação para seguir em busca do sonho de tantos outros jovens garotos: se tornar jogador profissional de futebol.
Supervisão: professora Anelise Zanoni