África fica fora das oitavas de final da Copa pela 1ª vez
Todos as seleções africanas foram eliminadas na fase de grupos do Mundial da Rússia
Nos anos 80, o futebol africano começou a despontar em Copas do Mundo, levando muita gente a acreditar que não tardaria para que seleções do continente surgissem como favoritas na maior competição do esporte. Mais de três décadas depois, a realidade é outra. Com a eliminação do Senegal, na quinta (28), a África pela primeira vez ficou fora das oitavas de final do Mundial – fase que passou a fazer parte da disputa em 1986.
Naquele Mundial, no México, a seleção de Marrocos vendeu caro a derrota para a Alemanha por 1 a 0, na decisão de uma vaga às quartas de final. Antes, havia se classificado em primeiro lugar num grupo que reunia Inglaterra, Polônia e Portugal.
Um dos que apostavam na ascensão do futebol da África era o técnico Carlos Alberto Parreira. Para ele, o jeito despojado dos jogadores de lá, muito técnicos e com vigor físico apurado, logo renderia frutos.
Isso vinha se desenhando aos poucos. Em 1990, com o lendário Milla como destaque da equipe, Camarões deixou para trás Argentina, Romênia e União Soviética na primeira fase. Nas oitavas, superou a Colômbia e avançou até as quartas, quando só perdeu na prorrogação para a Inglaterra (2 a 2 no tempo normal e, depois, 0 x 1) num jogo histórico.
Em 1994, nos EUA, foi a vez da Nigéria fazer bonito, terminando a fase de grupos também na liderança – à frente de Bulgária, Argentina e Grécia. Mas, nas oitavas, teve de enfrentar a Itália – futura vice-campeã - e não resistiu (1 a 2). Com um futebol envolvente, a Nigéria repetiria o feito em 1998, na França, vencendo o grupo que contava com Paraguai, Espanha e Bulgária. Nas oitavas, jogou com a mais forte seleção dinamarquesa de todos os tempos e acabou derrotada por 4 a 1.
Já em 2002, na Coreia do Sul e Japão, os nigerianos deram a vez para os senegaleses, que, imponentes, eliminaram dois campeões mundiais logo de início – França e Uruguai. Na sequência, Senegal ganhou da Suécia nas oitavas e caiu na prorrogação ( 0 x 1) do jogo com a Turquia nas quartas. Por muito pouco, a África não alcançou ali um feito histórico – o de chegar pela primeira vez a uma semifinal de Mundial.
Na Alemanha, em 2006, Gana deu o ar da graça com vitórias sobre a República Checa e os Estados Unidos. Azar seu foi o adversário das oitavas – o Brasil, de Ronaldo e Adriano, que venceu o confronto por 3 a 0. Na Copa de 2010, na África do Sul, a seleção de Gana se impôs de novo, classificou-se para as oitavas, quando derrotou mais uma vez os Estados Unidos. Quis o destino, no entanto, que nas quartas de final o representante da África viesse a ser eliminado outra vez numa prorrogação. O algoz foi o Uruguai (1 a 1 no tempo normal e, depois, 1 a 3 nos 30 minutos adicionais).
No Brasil, em 2014, os africanos conseguiram o ineditismo de classificar duas seleções para as oitavas – Nigéria e Argélia, que perderam respectivamente para França e Alemanha.
Agora, na Rússia, além de Senegal, o sonho dos africanos de tentar ir mais à frente ficou pelo meio do caminho para Egito, Marrocos, Nigéria e Tunísia. O futebol técnico e a condição física privilegiada ainda não foram suficientes para levar o futebol do continente ao topo do mundo.