Declaração de Teixeira pode mudar sede da Copa de 2022
As investigações da Fifa sobre compra de votos para a escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022 podem provocar uma reviravolta por causa da entrevista exclusiva de Ricardo Teixeira ao Terra na última quarta-feira. Ao explicar o motivo pelo qual votou na candidatura do país árabe, o ex-presidente da CBF pôs em xeque toda a apuração do Comitê de Disciplina da Fifa.
Teixeira, presidente da CBF de 1989 a 2012, se defendeu das acusações que teria recebido propina para votar no Catar, mas explicou que houve um acordo de troca de votos entre o país árabe e a Espanha, que concorria em conjunto com Portugal para organizar o Mundial de 2018 (vencido pela Rússia). Isso, porém, não é permitido pela Fifa e pode ser um argumento forte para invalidar a realização do Mundial de 2022 no Catar.
A Fifa deve se pronunciar sobre o assunto apenas no início da próxima semana. Em 18 de novembro de 2010, o presidente do Comitê de Disciplina da entidade, Claudio Sulser, tinha minimizado a possibilidade de acordo para as escolhas de sede do Mundial.
"Depois de investigar as suspeitas contra Portugal e Espanha, não encontramos base suficiente para chegar à conclusão que houve qualquer tipo de acordo", declarou ele, conforme registrou nesta sexta o correspondente do O Estado de S.Paulo na Suíça, o jornalista Jamil Chade.
Ainda em 2010, o presidente da candidatura da Espanha, Angel Villar, também negou que tivesse havido acordo de troca de votos. "Já dissemos à Fifa que não temos nenhum outro acordo com outra candidatura e estou pronto para trabalhar com a Fifa para limpar esse fato", disse, na oportunidade. Na quarta, em entrevista ao Terra por telefone, Teixeira deu detalhes de como ocorrera o acordo.
"As pessoas dizem que eu votei no Catar, que a CBF votou no Catar. Por que eu? Não é bem assim. É mais claro dizer que a América do Sul votou no Catar (para 2022)", afirmou. "Quem estava coligado na candidatura da Espanha? Não era Portugal? Sim, eles pleiteavam uma Copa compartilhada. Então, com Portugal na disputa, lógico que o voto do Brasil seria para eles. Aí que entra a questão."
Teixeira contou que o acordo foi selado em uma reunião entre ele, Villar e Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol Argentino, que morreu em 2014. "E qual foi o acordo? O Catar votaria conosco (com a candidatura Espanha/Portugal) para 2018 e em troca receberia nosso apoio em 2022. Foi esse o acordo. Foi somente esse o acordo. E o que se viu? A Espanha conseguiu chegar à última rodada de votação, mas perdeu para a Rússia. A história não difere um milímetro disso aí."