Imprensa da Suíça critica gestos de apoio ao Kosovo feitos por Shaqiri e Xhaka
Xhaka e Shaqiri fizeram alusão à águia da bandeira da Albânia ao comemorarem seus gols
Autores dos gols da vitória da Suíça por 2 a 1 contra a seleção sérvia, nesta sexta-feira, em Kaliningrado, Granit Xhaka e Xherdan Shaqiri foram criticados pela imprensa suíça por fazerem símbolos em homenagem a Kosovo e Albânia nas comemorações. Ambos os jogadores têm ascendência albanesa, etnia predominante nos dois países.
"Xhaka e Shaqiri têm grande talento, mais do que qualquer um na equipe nacional. Mas a sensitividade política e a consciência social deixaram muito a desejar", escreveu o jornal Neue Zuercher Zeitung (NZZ) na edição de sábado. O tabloide Blick seguiu o mesmo caminho: "Ambos jogaram com muito coração, mas esqueceram de manter a cabeça fria e essa foi a grande falha dessa maravilhosa noite de futebol".
De 1998 a 1999, Kosovo travou guerra com a Iugoslávia - que tinha predominância política do povo sérvio - para se tornar independente. Anos após o conflito, o governo kosovar declarou independência, em 2008, que até hoje não foi aceita pela Sérvia, país reconhecido como o sucessor do Estado iugoslavo.
Por ter a mesma origem étnica da população kosovar, a Albânia prestou apoio bélico ao Kosovo na guerra pela independência. O conflito resultou na migração de albaneses e criou uma crise de refugiados. As famílias de Shaqiri e Xhaka foram afetadas pela Guerra do Kosovo, mas os jogadores negaram que fizeram o gesto de uma ave para provocar a Sérvia. Na bandeira da Albânia há pássaro negro de duas cabeças em um fundo vermelho.
"Não teve nada a ver com política, foi sobre futebol", garantiu Shaqiri após o jogo. "Foi um dia muito especial para mim. Foi uma vitória pela minha família e por Suíça, Albânia e Kosovo. O gesto foi para todas as pessoas que me apoiaram, não foi direcionado aos oponentes. Foi um jogo muito emocionante", explicou Xhaka.