O clima de Copa do Mundo finalmente chegou à Rússia
Presença maciça de torcedores das seleções que estarão no torneio e que começaram a desembarcar em grande número deixam Moscou, que ontem viveu feriado, com outra cara
Nesta terça-feira se festeja um dos principais feriados da Rússia, o 12 de junho - que é tipo o nosso 7 de setembro, com direito a paradas militares e o entorno da Praça Vermelha cheio de russos. Mas, desta vez, a celebração (que começou em 1990) foi bem mais especial. Primeiro, o tempo ajudou (pela manhã passou dos 22 graus pela primeira vez em meses e o sol se fez presente); depois porque os dois últimos dias foram os que tiveram mais desembarques de torcedores até agora. Assim, pela primeira vez se viu o verdadeiro clima de Copa, com muitos turistas de várias nacionalidades se confraternizando, tirando fotos, cantando, alguns dançando e os mais tímidos somente olhando.
Muito policiada, como é quase tudo por aqui, os torcedores precisavam passar por uma área com detectores de metal (olhava-se tudo, bolsa por bolsa) e aí tinham o caminho livre para passear pelos parques, tirar foto com a estátua da mascote da Copa ou ao lado do relógio que marca o início do Mundial.
Curiosamente, torcedores europeus eram minoria. A supremacia era de latino-americanos, principalmente colombianos - que repetem a presença maciça ocorrida no Brasil - e surpreendentemente de peruanos. Não se andava 30 metros sem esbarrar em alguém dessas duas nacionalidades.
- Estive no Mundial do Brasil, me tornei conhecido pela minha fantasia e vou fazer sucesso aqui na Rússia também - disse Chilapo, com fantasia de pássaro. Ao seu lado estava Guerrero, fantasiado de... bem parecia atleta de luta-livre ao estilo mexicano.
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Aliás, quem estivesse fantasiado ganhava muitas selfies e nesse aspecto quem fez mais sucesso foi Hassum. Não era para menos. Gorducho e animado ele estava de faraó.
- Meu país está muito animado com a classificação para o Mundial, temos um jogador que é astro mundial, o Salah, que está com 70% de chance para a partida de estreia contra o Uruguai. Quero comemorar muitos gols dele, como faço quando meu time, o Al Ahly, marca - disse Hassum, ao lado de dois amigos que só não passavam despercebidos porque estavam com a bandeira do país. Ambos chegaram nesta terça-feira e vão ficar apenas para a primeira fase.
A turma brazuca não faltava, pulverizada em vários pontos do centro. "Sou brasileiro, com muito orgulho", cantavam Ronaldo e Rogério, um palmeirense e um flamenguista. Ao lado de Monica, desembarcaram, deixaram as malas no hotel, colocaram a camisa canarinho e foram bater perna chamando atenção: sombrero mexicano, camisa canarinho, calça com um anaão parecendo que os carregava nos ombros.
- Estamos começando a curtir o clima, alegrar a Copa e torcer pelo Brasil: temos os ingressos para os dois primeiros jogos da Seleção - comentou Ronaldo.
A tropa argentina também não é pequena na Rússia e prova disso foi a presença no treino aberto dos Hermanos, onde muitos não conseguiram entrar. Mas, pelo menos na Praça Vermelha, uns 100 deles pareciam mais interessados em passear
Menos barulhentos, mas tão interessados em aparecer bem em todas as fotos, estavam os iranianos Rusbale e Hatim e os marroquinos Hatim e Rochdi.
- Ficarei até a semifinal, pois não consegui ingressos para a decisão. Verei os três jogos da fase de grupos. Espero que o Marrocos avance, mas não acredito muito e, por isso, na fase de grupos, escolhi jogos das grandes seleções. espero ver o Brasil nas quartas contra os mexicanos - disse Hatim.
No meio de tudo isso, milhares de policiais acompanhavam o desfile multicolorido e étnico. Tinha o pessoal tunisino ali, outro da Austrália acolá, dinamarqueses com os rostos coloridos, muitos chineses e japoneses tirando fotos no relógio da copa, marcando dois dias para a abertura, ou com uma estátua do Zabivaka, mascote da Copa.
Se alguém tinha dúvida de que a Rússia começaria a ter uma cara de Copa do Mundo, ontem, em pleno feriado nacional, essa dúvida parece ter ido embora.