Tensão e esperança até o fim: mexicanos acompanham derrota em restaurante típico
Nachos, cerveja e tensão no ar. Minutos antes do início das oitavas de final da Copa do Mundo, mexicanos chegavam tímidos ao restaurante Nacho Libre, na Zona Oeste da cidade de São Paulo. Confiantes, porém apreensivos com um time do Brasil que, na opinião deles, era favorito. "O México vai precisar de um milagre, mas acho que é possível", comentou Leandro Ceccato, um dos donos do estabelecimento.
A grande esperança dos mexicanos lá presentes tinha nome e sobrenome: Guillermo Ochoa. O já veterano goleiro, que defende a meta da equipe norte-americana desde 2005, teve um bom desempenho na primeira fase do Mundial e era o mais celebrado por todos: "É um muro", definiu Jorge, o primeiro torcedor a chegar.
Com promessa de uma dose de tequila a cada gol marcado, a bola rolou às 11 horas (de Brasília) ao som de "Vamos, México". De um lado, Tite. De outro, Juan Carlos Osorio. Duelo que Ceccato fez questão de lembrar, explicando aos mexicanos que o "Profe" passou pelo São Paulo em 2015 - equipe a qual ele deixou justamente para comandar o México.
Logo aos cinco minutos de jogo, o Brasil chegou pela primeira vez com perigo, mas parou da defesa de Ochoa, que foi ovacionado por todos: "É um muro, é um muro", bradava Jorge. A partida seguiu com o time mexicano melhor em campo e com os torcedores ensaiando gritos de "Olé".
Fim de papo no primeiro tempo e placar empatado, sem ser inaugurado. A confiança e otimismo permaneciam firmes e fortes, da mesma maneira que os pedidos de nachos e burritos - até mesmo as opções veganas, atração da casa. "Estamos bem. Só está faltando o gol", afirmavam os torcedores.
Perguntados se mexeriam no time e se trocariam alguém, brincaram: "Sim, sim! Neymar e Jesus". Apostavam em um 1 a 1 sofrido até o fim, mas não se preocupavam com uma possível decisão nos pênaltis: "Não queremos, mas se acontecer, tudo bem! Temos Ochoa", voltando a exaltar o arqueiro.
O jovem Lozano, que vem se destacando ultimamente, foi elogiado e aprovado pelos torcedores. Já o novo visual de Chicharito Hernandéz, que apareceu com o cabelo descolorido, não agradou mudou: "Está jogando bem, mas o que é esse cabelo? Não entendi nada", disse o torcedor, em tom de bom humor.
A Seleção Brasileira voltou melhor na etapa complementar e abriu o marcador logo aos cinco minutos, para tristeza dos mexicanos, que levaram as mãos à cabeça. No entanto, não deixaram de acreditar em nenhum momento. Comemoravam as defesas de Ochoa, como se fossem gols. E gritavam e lamentavam a cada contra-ataque desperdiçado. Mesma reação que tiveram aos 42 minutos, quando o Brasil ampliou a vantagem e decretou o triunfo.
Apito final e silêncio mexicano no Nacho Libre. Cabeças baixas, mas semblantes tranquilos, de quem parecia entender e aceitar a derrota. Para animar um pouco, a única coisa que restou: mais comida!
Quem não conseguia conter a alegria, porém, eram os brasileiros também presentes no estabelecimento. Desde o dono, passando pelo menininho, que ainda sem sequer falar, balançava a bandeira verde e amarela, até aqueles que celebravam a vitória, mas lamentavam o erro no bolão: "Coloquei 2 a 1, mas tudo bem".
Passado o sufoco no primeiro jogo de mata-mata, o México se despede da Copa do Mundo, enquanto o Brasil ainda aguarda o vencedor de Bélgica e Japão, duelo que acontece ainda nesta segunda-feira, às 15h (de Brasília). O adversário é indefinido, mas o horário e local do confronto das quartas de final já são conhecidos: próxima sexta-feira, às 15h (de Brasília), na Arena Kazan.
Por Fernanda Lucki Zalcman, especial para a Gazeta Esportiva.