Torcida no Anhangabaú vai da euforia ao choro com eliminação brasileira
O Brasil se despediu da Copa do Mundo de 2018, na Rússia, com derrota nas quartas de final para a Bélgica. O esquadrão de Hazard, De Bruyne e Lukaku abriu dois gols de vantagem no primeiro tempo, com gols de Fernandinho (contra) e De Bruyne. Renato Augusto descontou aos 30 minutos do segundo tempo, mas a Seleção saiu derrotada da Arena Kazan por 2 a 1.
Como aconteceu nos outros jogos do Brasil no Mundial, milhares de torcedores se reuniram no Vale do Anhangabaú para acompanhar a partida e torcer pela manutenção do sonho do hexacampeonato. Cantaram, apoiaram, buzinaram, gritaram, sofreram com os gols sofridos e comemoraram o gol brasileiro.
Antes do jogo, confiança e fé
O Brasil vinha de três vitórias por 2 a 0 na Copa do Mundo. Na mais recente delas, contra o México nas oitavas de final, a equipe de Tite jogou seu melhor futebol em solo russo e trouxe confiança aos brasileiros. Tal confiança era clara entre os torcedores presentes no Anhangabaú, que apostavam em vitória tranquila do Brasil e já pensavam nas fases seguintes.
"Quatro para o Brasil, dois para a Bélgica. Na semifinal contra a França, 3 a 1 Brasil. O hexa é nosso, se Deus quiser", disse Valdemar Matias, que chegou ao local às 11h30. Antônio da Paz, que segurava uma réplica do troféu da Copa do Mundo, acreditava que a Seleção traria a taça verdadeira. "Vai vir a original para nós no Brasil inteiro", disse o torcedor. "Hoje vai ser 2 a 1 para o Brasil, um de Gabriel Jesus e o outro de Neymar".
Entre as muitas crianças presentes, a confiança também estava em alta. "O Brasil vai ganhar de 3 a 1: Neymar, Gabriel Jesus e Philippe Coutinho", palpitou Juan David Dias Salazar, de 12 anos. Sua irmã Naiara, de cinco anos, foi ainda mais longe: "Eu acho que vai ser 3 a 0".
Gols da Bélgica silenciam a torcida
Em campo, o Brasil começou bem empolgou a torcida no Anhangabaú, que lamentou a bola na trave de Thiago Silva logo aos sete minutos. Apesar do bom sinal, a empolgação perdeu força pouco depois, quando Fernandinho tentou cortar cobrança de escanteio escanteio, mas jogou contra o gol de Alisson e colocou seu time em desvantagem. O gol logo no início, no entanto, não abalou os torcedores, que ainda torciam e cantavam a plenos pulmões.
Se o primeiro gol não foi sentido, o segundo foi e muito. Quando De Bruyne, o cara do jogo, chutou com precisão e balançou a rede brasileira, o Anhangabaú soltou um grito de lamentação e depois se calou. Salvo alguns torcedores mais empolgados, ou exaltados, todos assistiam à comemoração belga em silêncio.
Torcedores pedem alterações e aplaudem entrada de Firmino
Mesmo perdendo por 2 a 0, os torcedores ainda demonstravam confiança na vitória brasileira, mas reconheciam que o time precisava de mudanças. "Eu tiraria o Gabriel Jesus e colocava o Douglas Costa, disse Valdemar Matias, que havia apostado em 4 a 2 para o Brasil. "Eu colocava o Douglas Costa no lugar do Fernandinho, para ir para cima, e o Firmino no lugar do Willian, para colocar mais um centroavante", disse o estudante Enzo Souza. "Tira aquele Willian pelo amor de Deus, não está fazendo nada!", reclamou Ariane Scatambouli. "Coloca o Firmino".
Tite não ouviu o pedido de Ariane, mas voltou para o segundo tempo com Firmino no lugar de Willian. A Seleção melhorou com a substituição e, com isso, o Anhangabaú ficou mais animado. A empolgação aumentou ainda mais quando Gabriel Jesus, muito criticado pelos presentes, deu lugar a Douglas Costa em outra alteração comemorada.
O novo atacante do Brasil entrou bem na partida, deu trabalho para Chadli e Vertonghen e colocou Courtois para trabalhar. Mas, mesmo assim, a rede não balançava e o tempo passava. A cada chance perdida, mais tensão. O silêncio do segundo tempo era maior a cada contra-ataque belga.
Renato Augusto dá esperança, mas o Brasil não empata
Em sua última substituição, Tite decidiu colocar em campo Renato Augusto, seu homem de confiança, no lugar de Paulinho. Ao contrário das outras alterações da Seleção, esta não foi aplaudida. Muitos levaram as mãos à cabeça, enquanto pouquíssimos aplaudiram. Os que aplaudiram, inclusive, o fizeram para Paulinho, não para Renato.
Mesmo reprovada pelo Anhangabaú, a mudança deu certo. Aos 30 minutos, Philippe Coutinho achou Renato Augusto na área e lançou com precisão para o camisa 8, que venceu Courtois e diminuiu a vantagem. Em campo, o gol deu energia à Seleção. Em São Paulo, o tento devolveu a esperança à torcida, que voltou a cantar e fazer barulho.
O barulho dos torcedores, no entanto, foi diminuindo conforme o tempo passava. Com o fim do jogo se aproximando, o silêncio voltava a tomar conta e só era interrompido por gritos em ataques do Brasil, em tentativa desesperada de transmitir energia à Seleção mesmo com a enorme distância.
Não deu certo. O Brasil não conseguiu marcar o segundo gol mesmo com forte pressão. A última chance da Seleção, chute de Neymar de fora da área, parou em Courtois. Quando o árbitro Milorad Mazic, da Sérvia, apitou pela última vez, o desespero deu lugar à tristeza e à decepção. Muitos começaram a ir embora em silêncio. Muitos choravam. Poucos xingavam.
Sem Brasil, palpites para a Copa são variados
Com a derrota sacramentada, os torcedores começaram a apontar defeitos da Seleção na partida. "O Tite devia ter entrado com o Douglas Costa desde o começo", disse Celso Siqueira. "Faltou competência para os jogadores, especialmente o Neymar. Ele quis ser a estrela do time, não pode ser a estrela, tem que jogar pelo grupo", reclamou Adilson Rodrigues Vieira.
Com o Brasil fora da Copa, os torcedores voltam sua atenção aos outros times que podem levantar a taça em solo russo. "Quem vai ganhar essa Copa é a Inglaterra", palpitou Douglas de Oliveira. "A Bélgica está com um time forte e, apesar de ela ter ganhado do Brasil, eu voto na Bélgica", disse Vinícius Vieira. "Pelo que eu vi jogar, vai ser Bélgica ou França", disse o aposentado Claudio Duarte. "A semifinal vai ser a final. Quem ganhar dos dois vai ser campeão.
*Especial para a Gazeta Esportiva