A Arábia, o vexame da Argentina e a maldição do texto pronto
A primeira grande zebra da Copa do Mundo deixa Messi e companhia sem reação
A magia do futebol reside muitas vezes na imprevisibilidade. De vez em quando, favoritos são batidos por times fracos e surpreendem muita gente. Nem foi o caso da vitória da Arábia Saudita sobre a Argentina por 2 a 1, nesta terça, em Lusail, pelo Grupo C do Mundial. Esse confronto era tido nas bolsas de apostas do mundo todo como o de mais fácil prognóstico da primeira rodada da competição
Ou seja, não havia dúvidas. O time de Messi venceria, tal a disparidade técnica entre as duas seleções. A única questão era adivinhar o número de gols da goleada dos argentinos. Ah, não tem mais bobo no futebol, estariam dizendo alguns cientistas da bola neste momento. Tem sim. Leiam o texto até o final e entenderão.
Foi um jogo maluco. Histórico certamente, o resultado mais expressivo já conquistado pela Arábia Saudita. Pôs fim a uma invencibilidade de 36 jogos da Argentina - não era derrotada havia três anos e meio.
O que explicaria esse revés da equipe cotada para ganhar o título do Mundial? Mais do que revés, foi um vexame, um baita vexame da Argentina, afobada, às vezes soberba e trancada pela marcação adversária. A expressão de seus jogadores ao fim da partida traduz isso. Estavam atônitos, sem reação, incrédulos.
Mérito total de um time árabe que se entregou de corpo e alma para vencer o titã sul-americano. Um viva para Al-Shehri, autor de um gol muito bonito, e outro viva para Salem Al-Dawsari, que fez um gol de Messi, de placa, na virada do placar. Aplausos para todos os 16 jogadores que estiveram em campo e escreveram a página mais honrosa do futebol saudita.
Mas, antes dos dois gols da Arábia, o que se deu em Lusail?
Bom, há alguns dados que precisam ser expostos. A Argentina começou o jogo de forma fulminante. Messi bateu pênalti aos 9 minutos e abriu o placar. Depois disso, mesmo sem ser brilhante, o time fez mais três gols, ainda no primeiro tempo, e todos anulados por impedimento. Era o prenúncio de um massacre.
Isso levou o autor deste texto a tentar adiantá-lo no intervalo. Já havia até um título preparado: “Messi é outro patamar”. Considerava o gol marcado por ele, numa cobrança com categoria, seus passes precisos, uma assistência para um dos gols anulados de Lautaro Martinez e autor, ele próprio, de outro gol que a arbitragem não validaria.
Mas, quem diria, foi Messi que possibilitou o início da reação da Arábia. Perdeu uma jogada no meio e permitiu o contra-ataque fatal do gol de empate.
Sobre o bobo no futebol ... são os que acreditamos que há jogos já resolvidos de véspera.