Quarto dia de Copa sugere atenção redobrada ao Brasil
Após mais uma zebra no Catar, a seleção brasileira deve entrar em campo mais ligada do que nunca
Depois de Argentina e Alemanha perderem nas suas estreias, o Brasil tem uma grande missão amanhã: salvar o bolão de geral! Brincadeiras à parte, das quatro seleções que eu acreditei serem favoritas ao título, apenas a França conseguiu a vitória na primeira partida, jogando toda a responsabilidade para o Brasil, que tem de confirmar que sua superioridade não está apenas no papel.
Quem viu ontem a derrota dos hermanos para a Arábia Saudita achou que o maior vexame da Copa do Mundo já tinha acontecido, e logo no terceiro dia de campeonato. Até o confronto entre Japão e Alemanha. Após um magro 1 a 0 no primeiro tempo, com pênalti convertido por Gundogan, os alemães voltaram a campo achando que o embate se resolveria naturalmente. Só esqueceram de combinar isso com os adversários.
Estes voltaram para o segundo tempo dispostos a compensar a diferença técnica com vontade – MUITA vontade – e o que se viu foi uma seleção deixando claro que apenas a vitória interessava no estádio Internacional Khalifa. Venceu por 2 a 1, com tentos de Ritso Doan e Takuma Asano, e deixou a impressão de que, se o duelo ainda estivesse rolando, eles continuariam com a vantagem no placar. Foi a primeira vez que o Japão venceu de virada na história do Mundial!
Quem acordou às 7:00 da manhã, como eu, assistiu um jogo gelado entre Marrocos e Croácia, finalizado sem bola na rede. Com a base do time finalista de 2018 já envelhecida, os europeus não conseguiram impor o seu futebol. O protagonista Modric, aos 37 anos, já não tem a mesma intensidade de antes e dificilmente vai carregar seus companheiros a uma nova decisão. Vai ter trabalho contra Bélgica e Canadá, com certeza.
Liderada por Xavi e Iniesta, a geração espanhola que encantou o mundo em 2010 está praticamente aposentada: Sergio Busquets é o único remanescente, mas parece que Gavi e Pedri chegaram para criar uma nova história, quem sabe vitoriosa. Uma sonora goleada por 7 a 0 frente à Costa Rica de Navas coloca os espanhóis, se não entre as favoritas, junto às seleções a serem observadas no torneio. Vale muito acompanhar o time do técnico Luís Enrique, e a próxima partida já é um desafio e tanto: jogar contra a Alemanha, também precisando do resultado.
No último confronto do dia, a famosa geração belga encontrou muita dificuldade para vencer o Canadá, melhor plantel das eliminatórias da Concacaf. A equipe de Alphonso Davies teve a oportunidade de abrir o placar no primeiro tempo em cobrança de pênalti. O mesmo Davies bateu, mas parou no goleirão Courtois, do Real Madrid. Ainda na etapa inicial, Batshuayi aproveitou um lançamento de Alderweireld e fez o 1 a 0 que garantiu a vitória da Bélgica na estreia.
Agora, pensando no jogo do Brasil, amanhã, não é segredo para ninguém que, no papel, os comandados de Tite são superiores à Sérvia. Eles possuem boas opções no ataque com Tadic, Vlahovic e Mitrovic e um grupo de jogadores que atuam em times de segundo escalão da Europa.
Do nosso lado, temos Neymar, um dos melhores jogadores da última década, Vini Jr, único brasileiro entre os dez melhores do mundo deste ano, 19 dos 26 convocados jogando entre os grandes times europeus, uma média de 0,35 gols sofridos por partida – em uma conta rápida, o Brasil teoricamente leva um gol a cada três jogos... bizarro! – e um ótimo retrospecto nas eliminatórias. São 17 jogos de invencibilidade: 14 vitórias e 3 empates.
Não faltam argumentos para justificar uma possível vitória do Brasil em sua estreia, como também não faltavam à Argentina de um dos melhores atletas de todos os tempos e nem à organizadíssima Alemanha de Neuer, Muller e Gundogan. Acredito que a mensagem que fica após estes primeiros confrontos é: independente dos palpites, bolões, torcidas apaixonadas ou currículo de cada jogador, dentro de campo são 11 contra 11, e é lá que a história acontece... Bora fazer acontecer, meu Brasil!