Como as mulheres estão se vestindo na Copa do Mundo do Catar?
Público feminino no Mundial precisa lidar com as diferenças de cultura na hora de escolher as vestimentas
A Copa do Mundo do Catar trouxe uma preocupação extra para as mulheres que estão acompanhando a competição in loco: como devo me vestir? E não, não estamos falando sobre eventuais dúvidas na hora de escolher o look. A questão é como respeitar a cultura local e não ser acusada de exibir demais o corpo.
O país mulçumano pede que o corpo feminino esteja sempre coberto e veta blusas regatas, decotes, roupas justas e shorts ou saias acima do joelho. Porém, uma espécie de vista grossa foi adotada nas ruas de Doha com algumas turistas que estão mostrando mais do que o recomendado. Porém, a maioria aceitou a recomendação comportada.
Durante passeio pelas ruas da capital do país, a reportagem do Terra conversou com várias mulheres que vieram acompanhar a busca pelo hexa de perto. Nenhuma delas adotou o abaya, aquele tradicional vestido longo, ou o hijab, lenço tradicional árabe para cobrir a cabeça. Porém, todas estão andando dentro das quatro linhas.
"O que a gente mais se informou foi sobre a questão das vestimentas. Como somos visitantes, sabemos que temos que respeitar a cultura e o costumes locais. A gente sabe tem que coisas que são normais no Brasil, mas aqui, infelizmente, são diferentes. Mas é uma questão de respeito, de a gente entrar na festa sem desrespeitar ninguém e no clima deles. Nada de decotes, estamos comportadas", contou a mineira Fernanda.
A brasileira, que mora na Irlanda, ainda detalhou olhares estranhos no metro.
"Acho que é normal, mas não por estar vestida estranha, e, sim, por não ser daqui. Acho que eles estão gostando e curtindo esse povo diferente que eles estão recebendo agora". Grazi se diverte com a reação dos nativos: "Senti um pouco esse olhar. É diferente, não sei te explicar uma maldade ou uma segunda intenção, mas é muito diferente. Só que é muito diferente do olhar brasileiro".
A torcedora está em seu segundo Mundial e confidenciou que a experiência do torneio a faz superar qualquer barreira. "Eu fui na Copa da Rússia, eu amei, por isso que eu vim para o Catar. 'Eu quero ir mesmo com todas as regras e limitações'. Eu gosto e respeito muito a diversidade cultural, acho que temos que abraçar novas experiências. Tá sendo uma grande oportunidade estar aqui", acrescentou.
A aparente tranquilidade notada pelas amigas brasileiras é confirmada por Glaucia. A esteticista vive no Catar há mais de 10 anos. Segundo ela, o país é "muito seguro".
"Ao contrário do que muitos imaginam, de um país com muitas restrições, de boicotes, de mulheres sem direitos... Pelo contrário, aqui a gente é muito livre, tem uma vida comum. Respeitando os costumes, todo mundo vive de forma confortável", declarou.
Ela, no entanto, reconhece que o Catar está mas liberal do que de costume. "Parece que a tolerância está mais tranquila. Tenho visto muita coisa que não é comum no dia a dia. Eles estão compreendendo que vem muita gente de cultura mista, não tem como segurar isso", acrescentou.