Copa América mobiliza muita gente e não dispensa mordomias
São inúmeras as áreas ligadas ao futebol e à logística para abrigar o torneio continental
Movimentação intensa em aeroportos, aglomeração na frente dos hotéis das delegações – impossível não juntar gente no entorno de onde Lionel Messi vai se hospedar, por exemplo -, moradores de Teresópolis se reunindo na entrada da concentração da Seleção brasileira para ver os jogadores. Todos esses cenários, muito prováveis, traduzem o risco de disseminação do novo coronavírus com a realização da Copa América no Brasil.
Além do quê, viagens a todo instante pelo País, após o contato entre jogadores e demais profissionais envolvidos no torneio, expõem várias cidades a novas cepas do vírus. Mesmo sem público nos estádios, a ameaça à segurança sanitária da população não pode ser desprezada.
Mas ainda há mais motivos de preocupação. Para se ter uma ideia de quantas pessoas são mobilizadas para um jogo de futebol de ponta, basta consultar a Diretriz Técnica Operacional das Competições da CBF, versão 2021. No documento, em vigor no Campeonato Brasileiro, estão divididos os agrupamentos previstos em cada partida da competição nacional.
São centenas delas: responsáveis pelo estádio e seu respectivo quadro móvel, força pública (policiamento, trânsito, etc), delegações, imprensa, representantes das entidades, prestadores de serviços diversos, entre profissionais de tantas outras atividades.
A Copa América, por ser abrangente, tende a concentrar um número muito mais expressivo de pessoas. A imprensa se fará representada numa maior parcela, com dezenas, se não centenas, de correspondentes internacionais. Patrocinadores e seus convidados vão estar desfilando pelas sedes da competição com seus carros oficiais e todo um aparato de segurança.
Além disso, a costumeira mordomia para dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol e seus familiares é uma tradição que não será rompida: melhores restaurantes, passeios e, em dias de jogos, camarotes especiais com buffet especial.
Isso tudo vai aumentar a demanda de serviços – motoristas, garçons, camareiros, só para citar alguns -, contrariando a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de se manter distanciamento social nesse período de recrudescimento da pandemia de covid-19 na América do Sul, com o Brasil começando a navegar numa terceira onda de infectados e mortos pela doença.