A final já começou: chilenos ignoram Argentina e exigem taça
A bola só vai rolar para Chile e Argentina na final da Copa América no próximo sábado, mas dá para dizer que a decisão já começou nesta terça-feira. Durante o show dos argentinos para cima do Paraguai – 6 a 1 na semifinal disputada em Concepción –, os torcedores da casa, maioria no Estádio Ester Roa, passaram a ignorar o que acontecia em campo para começar a provocar desde já os rivais da finalíssima.
A história foi sempre igual. Gol da Argentina? Uma breve explosão de alegria dos torcedores alvicelestes nas arquibancadas, seguida por gritos muito mais fortes dos locais: "vamos, vamos chilenos, esta Copa, temos que ganhar!". E a cada vez que os argentinos tentavam puxar um de seus cantos característicos, logo eram abafados pelo também tradicional "Chi-chi-chi, le-le-le, viva Chile!".
Mesmo os torcedores neutros, como alguns brasileiros que compraram ingresso pensando que veriam a Seleção de Dunga na semifinal, logo passaram a se desinteressar pelo jogo à medida que a vantagem da Argentina – e a abissal diferença técnica entre os times – ia ficando mais evidente. O Paraguai só conseguiu esquentar os ânimos com o gol de Barrios no fim do primeiro tempo, mas tomou um passeio no segundo.
O mais engraçado, porém, foi nos minutos finais, quando a Argentina já vencia confortavelmente e claramente diminuiu o ritmo, já pensando na decisão. O Paraguai, com mais espaço para tocar a bola, ensaiava alguns passes tímidos na intermediária, sem sair do lugar. Mas foi o suficiente para os chilenos puxarem um "olé", já provocando os próximos adversários.
E quando um paraguaio chutou do meio-campo, com o jogo paralisado pela arbitragem, e encobriu Romero no que seria um golaço? O placar só mudaria para 6 a 2, e o gol nem valeu, mas mesmo assim as arquibancadas entraram em erupção como se o time tivesse empatado o jogo. Sobrou até xingamento para o juiz pela "anulação" do lance.
Quem estivesse do lado de fora do estádio certamente acharia que se tratava de um jogo do Chile, de tanto que o nome do país foi entoado pelos presentes. A euforia se explica: os chilenos voltaram a uma final após 28 anos de ausência, e têm agora a grande chance de conquistar o primeiro título relevante da história da seleção.
Para a Argentina, a história é parecida: apesar de ser uma potência mundial com várias taças no currículo, a última conquista com a seleção principal faz aniversário de 22 anos no próximo sábado. Justamente o dia em que as duas melhores equipes da Copa América, indiscutivelmente, se encontram para decidir o título de 2015. O jogo em si só tem início daqui a quatro dias, mas o duelo pela coroa da América do Sul já está vivíssimo no país anfitrião.