Chile endurece lei e teme protestos na Copa América
País aumentou rigor de lei local contra torcedores violentos e criará barreira ao redor de estádio antes da abertura
Um cinturão de segurança de oito quarteirões vai ser montado nesta quinta-feira para o jogo de abertura da Copa América 2015 entre Chile e Equador. Este é o tamanho do temor das autoridades chilenas por protestos contra o governo e contra a Copa América que podem acontecer no primeiro jogo e durante todo o torneio.
O Governo promulgou esta semana uma nova Lei de Direitos e Deveres do Futebol, que substitui uma antiga lei contra a violência nos estádios. A nova regulamentação dobra o tempo de proibição de acesso a estádios para torcedores violentos, que agora vai de dois a quatro anos; pune discriminação e xenofobia, aumenta a multa para quem for pego violando as leis e ainda dá mais poder às prefeituras para vetar eventos que possam ser de alto risco e aumenta o poder dos seguranças privados dentro das instalações esportivas no país.
A ministra de Esportes, Natalia Riffo, esteve na manhã desta quarta-feira visitando as instalações do Estádio Nacional e falou sobre o temor a protestos. “Esta é uma festa cidadã e espero que todos compreendam isso. O país entende isso e espero que amanhã a população corresponda a essa expectativa”, disse, incomodada com a pergunta.
Nos últimos dias, os protestos contra o governo de Michelle Bachellet têm sido diários não apenas na capital, mas em Rancágua, nas portas da concentração da seleção chilena, e em Temuco, onde o Brasil estreia no próximo domingo contra o Peru. “Não basta apenas a lei. É preciso chegar com uma conduta e atitude diferente”, disse a Ministra.
Para passar do cinturão de segurança nesta quinta,vai ser preciso levar documento de identificação e ingresso. Inclusive os menores precisam estar identificados. “É uma oportunidade que temos. O esporte é um espaço de integração de cultura e temos que nos comportar à altura”, disse a ministra, em uma frase que mais do que um conselho, parece um apelo.
O panorama no entorno do Estádio Nacional um dia antes da abertura é de muito trabalho. Operários apagam pichações dos muros e já há cercas de ferro isolando grande parte do local, bem longe do muro. Os chilenos se lembram bem dos seus compatriotas invadindo o Maracanã na partida contra a Espanha na Copa do Mundo e não querem correr riscos.