Inédito! Chile derruba "favorita" Argentina e encerra seca
O Chile nunca tinha conquistado um título grande. A Argentina não levantava um trofeu com a seleção principal há 22 anos. Eram tabus longos demais para serem quebrados com facilidade. Todos queriam muito, mas também tinham medo excessivo de perder a chance. Então, a final da Copa América foi dramática, tensa, arrastada, brigada e sofrida até o final, justificando a vontade que os dois times tinham de sair da seca.
Após 120 minutos de bola rolando, 0 a 0. A impressão era que ninguém conseguiria respirar aliviado. Mas nos pênaltis, finalmente o Chile conseguiu soltar o grito de "campeão", com vitória por 4 a 1. Foi a consagração perfeita da melhor geração que o Chile já teve, treinada por um dos melhores técnicos sul-americanos da atualidade: Jorge Sampaoli. Para a Argentina, que era favorita até nas casas de aposta do Chile, resta chorar o segundo vice-campeonato em menos de um ano. Veja detalhes de cada lance do jogo.
No começo do jogo chamaram atenção as mudanças que o treinador Sampaoli promoveu na defesa para conseguir parar a Argentina. O volante Marcelo Díaz recuou para jogar como zagueiro, e Gary Medel foi deslocado para o lado esquerdo, encostando mais em Lionel Messi. Além disso, o lateral Isla jogou praticamente como zagueiro para marcar Di María (que deu lugar a Lavezzi no meio do primeiro tempo). Mas tantas mudanças defensivas não significaram que o Chile ficou recuado. Foi comum ver as linhas do time avançarem e fazerem pressão nos defensores argentinos.
E no ataque o Chile não mudou, continuou inspirado, dominando o jogo e mostrando por que era o time com mais gols marcados na Copa América. Criou as melhores chances no primeiro tempo, inclusive com um chutes perigosos de Vidal, Vargas e Sánchez de dentro da área. Valdivia também teve uma boa oportunidade no início, mas preferiu tocar em vez de chutar.
A Argentina foi muito pobre ofensivamente. Não armou, não se livrou da boa marcação chilena e sequer aproveitou os raros contra-ataques. Bravo fez duas boas defesas, em cabeceio de Aguero e chute de Lavezzi, mas foram lances esporádicos ainda no primeiro tempo. O técnico Tata Martino não conseguiu melhorar o time nem com orientações no vestiário e nem com alterações no segundo tempo.
O Chile teve incrível chance aos 36min do segundo tempo, quando Sánchez recebeu passe na área, mas chutou de primeira para fora, perto da trave. Mas a Argentina ainda assustou nas duas formas que podia: bola aérea e contra-ataque. Primeiro houve um pênalti de Medel em Rojo que o juiz não marcou. Depois Messi iniciou uma jogada que por pouco não terminou em gol de Higuain.
Ao contrário do que aconteceu em todos jogos anteriores, o empate até os 90 minutos levou o jogo para a prorrogação. Os 30 minutos extras foram sonolentos, com exceção de alguns contra-ataques. Sanchéz mais uma vez perdeu a melhor chance do Chile. A Argentina sequer assustou. E até o juiz queria que a partida fosse logo para os pênaltis, já que encerrou dez segundos antes do normal, sem qualquer acréscimo.
Nos pênaltis os erros decisivos foram de Higuain, que chutou para fora, e Banega, que teve a cobrança defendida por Bravo. Messi tinha acertado o primeiro. Pelo Chile, Fernández, Vidal, Aránguiz e Sánchez acertaram, sendo que o atacante do Arsenal até arriscou uma "cavadinha" no último pênalti da noite, levando a torcida à loucura!
Valdivia irritado
Aos 29min do segundo tempo, Sampaoli resolveu fazer a primeira substituição e causou polêmica: tirou Jorge Valdivia para colocar Matías Fernández. É claro que o meia não ficou nada satisfeito, saiu falando palavrão, balançando a cabeça e sequer cumprimentou o companheiro no meio-campo. Ele teve uma atuação abaixo do esperado e não encerrou bem uma Copa América na qual estava brilhando. Pelo menos comemorou no final.
Nada de Tevez
Lavezzi, Higuain e Banega. Esses foram os jogadores que Tata Martino colocou em campo durante a partida. Mais uma vez Carlos Tevez, que teve uma ótima temporada pela Juventus, ficou no banco de reservas.
Twitter de olho
Mesmo sem o Brasil na final da Copa América, os brasileiros agitaram as redes sociais por causa de Chile x Argentina. Durante toda a partida, diversas palavras relacionadas ao jogo estiveram entre as mais citadas do Twitter: Chile, Di María, Tevez, Bravo, Valdivia, Higuain, Rojo, etc...
Artilharia magra
Eduardo Vargas (quatro gols) e Kun Aguero (três gols), que estavam na briga pela artilharia da Copa América, tiveram atuações tão discretas que até foram substituídos durante a partida. Arturo Vidal tinha três e jogou bem, mas desperdiçou boas chances de virar o grande artilheiro. Com isso, Paolo Guerrero e o próprio Vargas acabaram como goleadores do torneio, com apenas quatro gols em seis jogos.
Copa das Confederações
Quatro seleções estão com vagas garantidas na Copa das Confederações de 2017: Rússia (sede), Alemanha (atual campeã da Copa do Mundo), Austrália (campeã da Ásia) e agora o Chile disputará a competição pela primeira vez.