Chilenos protestam antes de estreia da Copa América
Cerca de 300 professores e estudantes protestaram na tarde desta quinta-feira contra uma reforma do sistema de educação impulsionada pela presidenta chilena, Michelle Bachelet, que estabelece aumento salarial condicionado à avaliações dos docentes. A manifestação aconteceu na porta do Estádio Nacional de Santiago, onde nesta noite acontece a abertura da Copa América.
Os jovens, estudantes de Pedagogia, gritaram pedindo a gratuitade na educação. “Porque o povo está cansado da lei e do Estado. O que o povo necessita é educação gratuita”. “Hay plata p’a la Fifa y no para Estudiar”, diziam, afirmando que há dinheiro para eventos de futebol, da Fifa, e não para educação.
Os manifestantes chegaram a dizer que “se acabaram os tempos de Pinochet”, que dirigiu o país com mão de ferro durante as décadas de 70 e 80. Bolas de plástico coloridas tentaram interromper o trânsito sem sucesso. Eles se misturavam aos vendedores de bandeiras, cachecol e comida e chegaram a se desentender pelo espaço.
Apesar do grande número de manifestantes, o protesto não foi marcado por confusões. Os carabineiros, uma espécie de Polícia Militar do Chile, não utilizaram bombas e nem mesmo os famosos jatos de água. Tudo indica que essa atitude se deve ao grande número de torcedores nas redondezas do estádio. Mais cedo, no Palácio de La Moneda, os mesmos grupos se manifestaram, porém, dessa vez, a polícia agiu com violência para impedir os professores e estudantes.
Nos últimos dias, os protestos contra o governo de Michelle Bachellet têm sido diários não apenas na capital, mas em Rancágua, nas portas da concentração da seleção chilena, e em Temuco, onde o Brasil estreia no próximo domingo contra o Peru.
Os protestos ocorrem no momento em que a presidente Michelle Bachelet tenta recuperar a popularidade, perdida por causa de sucessivos escândalos de corrupção. Os casos envolvem empresários, políticos, seu filho e sua nora. Ela chegou a demitir o gabinete que formou ao assumir o segundo mandato presidencial, há 14 meses, para iniciar uma nova etapa com “novos rostos”. Cerca de 64% dos chilenos desaprovavam sua gestão, segundo a mais recente pesquisa de opinião.