Carrasco do Brasil, Rossi deu volta por cima após suspensão
Ao lado de Ghiggia, autor do gol que deu o título da Copa de 1950 ao Uruguai, ele talvez seja o jogador que mais fez brasileiros chorarem por causa de futebol. Com uma incrível atuação diante do Brasil na Copa de 1982, Paolo Rossi liderou a Itália ao seu terceiro título mundial, e igualou o feito de Mario Kempes ao terminar a competição como campeão, artilheiro e melhor jogador. E o mais impressionante é imaginar que antes do torneio o craque estava a dois anos afastado dos gramados por ter se envolvido em um escândalo de manipulação de resultados.
O "Bambino de Ouro" começou a carreira na Juventus, em 1973, mas logo sofreria com problemas no joelho e acabaria emprestado o modesto Como. Atuando como ala direita devido ao seu porte físico modesto, ele não obteve destaque e foi negociado com o Vicenza. Devido às lesões do atacante da equipe, o craque foi escalado para jogar mais adiantado, e logo começou a demonstrar todo o seu talento. Marcou 21 vezes e conduziu a equipe ao título da segunda divisão.
Na temporada seguinte, balançou as redes 24 vezes, fechando a competição na artilharia e como vice-campeão. Tantos feitos o levaram à Copa de 1978, e Rossi fez um grande Mundial. Marcou na estreia, quando a Itália bateu a França por 2 a 1, e fez um dos tentos na vitória por 3 a 1 sobre a Hungria, classificando o país para a segunda fase.
Contra a Áustria, fez o gol da vitória por 1 a 0, mas a Itália acabou eliminada pela Holanda. Na disputa de terceiro lugar, contra o Brasil, passou em branco e viu os europeus caírem por 2 a 1. Depois da Copa, ele manteve a boa fase a marcou 15 vezes no italiano, mas não impediu o rebaixamento da equipe para a segunda divisão.
O atacante foi então emprestado ao Perugia, mas seu desempenho em campo seria ofuscado pelo estouro de um escândalo de manipulação de resultados por apostadores da loteria esportiva local. Rossi foi um dos 27 atletas envolvidos, e apesar de ser absolvido na justiça comum foi suspenso pela justiça desportiva por três anos.
A pena, no entanto, foi reduzida para duas temporadas para que o jogador pudesse disputar a Copa de 1982, para desgosto dos brasileiros. Rossi voltou a jogar pela seleção no último amistoso antes do Mundial, e passou em branco. Mesmo assim, foi convocado para a competição, mas também não balançou as redes nas três primeiras partidas da primeira fase e nem no duelo contra a Argentina, válido pela segunda fase.
Porém, quando seu futebol e de toda a seleção da Itália começavam a ser questionados, a estrela do craque brilhou. Fez os três gols da histórica vitória sobre o Brasil de Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico, e classificou o país para a semifinal. Diante da Polônia, o avante balançou as redes duas vezes na vitória por 2 a 0, e abriu o placar na vitória por 3 a 1 sobre a Alemanha Ocidental na grande decisão.
De vilão, Rossi subitamente se transformou em herói nacional e ainda faturou a Bola de Ouro daquele ano. Tamanho sucesso sacramentou seu retorno à Juventus, clube que o havia revelado. Ao lado de craques como Platini e Boniek, ajudou o time a faturar o scudetto de 1984 e a Liga dos Campeões do ano seguinte, batendo o Liverpool em uma final que ficou marcada pela morte de 39 torcedores em confronto com os hooligans.
Os problemas no joelho, no entanto, voltariam a atormentar o atacante, que ainda passou pelo Milan antes de encerrar a carreira em 1987. Neste mesmo ano ele participou de um torneio de jogadores veteranos disputado em São Paulo, e sentiu todo o peso da frustração que causou nos brasileiros: foi convidado a se retirar de um taxi após ser reconhecido pelo motorista, e abandonou uma partida no intervalo após ser alvejado por moedas, amendoins e ofensas dos torcedores. Hoje, Rossi se divide entre duas atividades: é dono de uma produtora de vinho e azeite de oliva e comentarista de um canal de televisão esportivo na Itália.
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