Herói holandês em 88, Gullit promove rede social de boleiros
Nos campos ele ganhou quase tudo. Só faltou a Copa do Mundo. Seu nome é Ruud Gullit. Descendente de surinameses, foi descoberto jogando pelada nas ruas do bairro onde cresceu, Yordam, em Amsterdã, na Holanda.
Seu sucesso nas ruas o levou ao pequeno clube Haarlem, que caiu para a segunda divisão do Campeonato Holandês no ano de estreia de Gullit. No entanto, com a habilidade do novato, a equipe acabou voltando à elite depois de um ano.
Na primeira divisão, surpreendeu o país, levando o modesto time até a única copa europeia da sua história, a UEFA, em 1981. Foi o suficiente para chamar a atenção do grande Feyenoord, de Roterdã. Já com o seu cabelo no melhor estilo rasta, atuou ao lado de Johan Cruyff, seu ídolo de infância. Juntos, ganharam o Campeonato Holandês de 1984. A essa altura, já era titular da seleção do país, que não vivia um bom momento. Depois dos vice-campeonatos mundiais de 1974 e 78, a Holanda estava em um período de transição após as saídas de Neeskens, Cruyff, Rep e outros craques. A arquirrival Bélgica, por outro lado, aparecia com força no cenário do futebol mundial, com o vice-campeonato europeu de 1980, e o quarto lugar na Copa do Mundo de 1986, no México.
Cabia à geração de Gullit mudar essa situação e devolver a alegria à torcida laranja. Já no Milan, para onde foi em 1987, conduziu a Holanda de volta a uma competição importante, a Eurocopa de 1988, na Alemanha. Comandada no banco por Rinus Michels, o mago que "construiu" o carrossel na Copa de 1974, a equipe começou mal, perdendo na estreia para a União Soviética. Mas se recuperou logo, batendo Inglaterra e Irlanda na primeira fase. Só que o grande desafio ainda estava por vir. Os alemães, detestados pelos holandeses, seriam os adversários da semifinal. A partida tinha um importante caráter esportivo. Afinal, a Alemanha bateu os holandeses na final do Mundial de 14 antes. Mas havia também um forte contexto geopolítico. Sob a batuta de Adolf Hitler, o exército do Terceiro Reich invadiu a Holanda no início da Segunda Guerra.
Rivalidades à parte, os donos da casa abriram o placar e ensaiaram uma goleada. No finalzinho, os laranjas viraram o jogo graças à uma atuação primorosa do atacante Van Basten, também do Milan. Pronto, um país estava vingado.
Para Gullit e companhia completarem a obra faltava o caneco. De forma surpreendentemente fácil, a Holanda derrotou a União Soviética, algoz da estreia, por 2 a 0.
Van Basten e Gullit voltaram ao Milan e, na companhia de outro holandês, Rijkaard, iniciaram uma dinastia no rubro-negro italiano, com os bicampeonatos europeus e mundiais em 89 e 90. O cenário estava pronto para uma campanha memorável na Copa do Mundo da Itália, em 1990.
No entanto, as temporadas vitoriosas cobraram um preço alto. Gullit chegou ao Mundial esgotado fisicamente. Van Basten tinha graves problemas no tornozelo. Na primeira fase, a Holanda empatou três vezes contra Inglaterra, Irlanda e Egito. A campanha ruim colocaria a Holanda frente a frente com a Alemanha logo nas oitavas de final. Desta vez, os rivais teriam melhor sorte, vencendo por 2 a 1. De forma prematura, os laranjas deixavam o Mundial. Era o canto do cisne de Van Basten. "Foi o melhor com quem atuei junto, era um craque", afirma Ruud Gullit. No futebol italiano, jogou contra Maradona, a quem chama de "o melhor de todos os tempos".
Depois de ganhar o bicampeonato italiano em 1992/93, o camisa 10 se viu como coadjuvante no Milan. Se transferiu para a Sampdoria, clube em que conquistou a Copa da Itália, em 1993.
Quando se preparava para disputar o Mundial de 1994, nos Estados Unidos, brigou com o técnico Dick Advocaat e acabou fora do torneio.
No ano seguinte, foi para o Chelsea, da Inglaterra, mas nunca voltou a ter o brilho dos anos 80. Chegou a atuar simultaneamente como jogador e técnico do time, antes de encerrar a carreira.
Hoje, de cabelos curtos, Gullit é embaixador do site Cloozup, uma rede social que conecta jogadores de todo o mundo.
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