Hristo Stoichkov fez milagres no Barcelona e na Bulgária
"Existe um Cristo lá em cima e outro aqui embaixo, e ambos fazer milagres". A polêmica frase foi dita por Hristo Stoichkov, que brilhou com as camisas de Barcelona e seleção da Bulgária nos anos 1990. Verdade ou não, o fato é que antes dele, seu país havia disputado cinco Copas de Mundo e não venceu um jogo sequer. No mundial de 1994, porém, o craque conduziu os búlgaros à semifinal e terminou a competição na artilharia.
Considerado o maior jogador da história do país, Stoichkov iniciou a carreira no modesto Marisa Plovdiv, equipe de sua cidade natal. Desde essa época, porém, seu temperamento explosivo já criava problemas. Em 1984, seu pai, que trabalhava no Ministério da Defesa, conseguiu colocá-lo no CSKA Sófia, equipe do Exército, esperando que o jovem pudesse amadurecer com a rigidez militar.
Logo em sua primeira final pela equipe, no entanto, o atacante marcou o gol do título e se envolveu em uma briga generalizada após o apito final. O episódio foi discutido no dia seguinte em uma reunião do Partido Comunista, e todos os envolvidos foram banidos do esporte, incluindo Stoichkov. Para sorte do futebol, a decisão foi revista no ano seguinte, e o craque pode se reencontrar com a bola.
Depois de ser eleito o melhor jogador do país em três temporadas consecutivas e se tornar o maior goleador da Europa em 1990, o futebol do búlgaro chamou a atenção do poderoso Barcelona, que o contratou. Na sua primeira temporada, o time da Catalunha quebrou uma sequência de cinco anos do Real Madrid e faturou o Campeonato Espanhol. Mesmo assim, logo no primeiro clássico entre as duas equipes, o camisa 8 pisou no juiz e foi expulso e suspenso por dois meses.
Em 1992, ele conquistaria o título mais importante de sua carreira: a primeira Liga dos Campeões da história do Barcelona, uma equipe que contava com astros como Michael Laudrup, Ronald Koeman e era dirigida por ninguém menos do que Johan Cruyff. Ao final da temporada, porém, a equipe perderia o Mundial de Clubes para o São Paulo de Telê Santana. Mesmo assim, Stoichkov deixou sua marcar ao anotar um golaço por cobertura em Zetti.
No ano seguinte, o búlgaro montou uma histórica dupla de ataque com Romário. Os dois se entenderam tão bem que o baixinho convidou seu colega para ser padrinho do seu primeiro filho, mas o camisa 8 não pôde vir ao Brasil por conta de compromissos com a seleção. Dentro de campo, a parceria rendeu novos campeonatos espanhóis para o Barcelona, totalizando quatro conquistas consecutivas.
Auge e decadência
Veio então a Copa de 1994, e com ela o auge do futebol do craque. Primeiro, ele ajudou a equipe a se classificar para o mundial com uma inesperada vitória por 2 a 1 sobre a França de Papin e Cantona, em plena Paris. A seleção estreou mal no torneio disputado nos Estados Unidos, perdendo por 3 a 0 para a Nigéria. Mas Stoichkov brilhou e marcou duas vezes contra a Grécia e uma contra a Argentina, qualificando o país para as oitavas.
Diante do México, o craque foi às redes, garantiu o empate por 1 a 1 no tempo normal, e viu a equipe vencer nos penais. A adversária seguinte era a atual campeã Alemanha, que abriu o placar com Matthaus. Stoichkov, no entanto, deixou tudo igual em uma primorosa cobrança de falta e viu o carequinha Letchkov garantir a inédita vaga do país na semifinal. Diante da Itália, porém, o gol anotado por ele não evitou a derrota por 2 a 1, mas ao menos garantiu a artilharia do torneio para ele, com seis tentos.
Após a Copa, sua carreira entrou em declínio. Romário e Laudrup deixaram o Barcelona, a equipe viu o Real Madrid ser campeão espanhol e Stoichkov bateu de frente com Cruyff ao dizer em uma rádio: "ou ele ou eu". O gênio holandês não pensou duas vezes e dispensou o búlgaro, que ainda teve breves passagens por Parma, CSKA, Al-Nassr e Kashiwa Reysol, até ir para o futebol dos Estados Unidos, onde encerrou a carreira em 2004.
Neste mesmo ano se tornou técnico da seleção da Bulgária, mas os resultados não vieram. O país não se classificou para a Copa de 2006 e nem para a Eurocopa de 2008. Para completar, seu temperamento continuava explosivo, o que fez com que três atletas abandonassem a seleção durante sua gestão, incluindo o capitão Stiloyan Petrov. Demitido, comandou o Celta de Vigo por seis meses. Em março de 2012, se tornou técnico do Litex Lovech, que ocupa o terceiro lugar do Campeonato Búlgaro.
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