Seleção da Holanda da Copa de 1974 inspirou atual Barcelona
Toque de bola primoroso, adversários sufocados no campo de defesa e os jogadores técnica e fisicamente condicionados para alternar constantemente de posições e embaralhar o sistema de marcação dos oponentes. Se você pensa que esta descrição corresponde ao Barcelona dos dias atuais, talvez esteja na hora de conhecer um pouco mais sobre a Holanda da Copa do Mundo de 1974, time que entrou para a história com o chamado "futebol total", e foi carinhosamente apelidada de "Carrossel Holandês" e "Laranja Mecânica".
Fazia 36 anos que a Holanda não jogava um campeonato mundial, mas Ajax e Feyenoord já davam mostras do poder ascendente do futebol holandês ao ganhar quatro títulos da Liga dos Campeões entre 1969 e 1973. A seleção de 1974 era basicamente um combinado de jogadores dos dois times, treinados por Rinus Michels, que comandou o Ajax na vitória europeia de 1971. Em campo, estavam nomes como Johnny Rep, Johan Neeskens, Ruud Krol e os gêmeos René e Willy van der Kerkhof, liderados pelo gênio criativo de Johan Cruyff.
A estreia da Copa da Alemanha já dava mostras do que a Holanda apresentaria dali em diante. O time sufocou o Uruguai, que mal conseguiu sair de seu campo de defesa. Os jogadores holandeses marcavam no ataque e se revezavam em várias posições, confundindo os uruguaios. Rep marcou os dois gols da partida. No jogo seguinte, a Suécia conseguiu arrancar um empate com a Holanda. Já a Bulgária não resistiu à "Laranja Mecânica" e perdeu por 4 a 1. Mesmo assim, a defesa holandesa terminou a primeira fase sem tomar um único gol de adversários, pois foi Krol quem marcou contra nessa partida.
Na segunda fase, que na época era feita com dois grupos de quatro times, a Holanda massacrou a Argentina: 4 a 0. A Alemanha Oriental foi a próxima vítima, perdendo por 2 a 0. A vaga na final seria decidida no terceiro e último jogo do grupo, diante do Brasil. O confronto foi a primeira partida entre as duas seleções em Copas do Mundo e, assim como os outros (realizados em 1994, 1998 e 2010) seria marcado pela emoção.
A seleção brasileira tinha o mesmo técnico do tricampeonato de 1970, Zagallo, mas não contava com alguns craques fundamentais, como Pelé, Tostão e Carlos Alberto. Ainda assim, trazia nomes como Leão, Jairzinho e Rivellino. Porém, os defensores do título mundial ainda não tinham apresentado um futebol convincente. Já a Holanda chegava com a força de seu futebol total, e só precisava de um empate para chegar a sua primeira final. Ganhou de 2 a 0, em um jogo caracterizado pela violência de ambos os lados, e que acabou com o Brasil com dez em campo, após expulsão de Luis Pereira, no final do segundo tempo.
A Holanda chegou à final como favorita contra a Alemanha Ocidental, dona da casa. Ainda que os alemães tivessem um time ótimo, com Beckenbauer, Breitner e Gerd Muller, o mundo estava sob o encantamento do futebol holandês. Mas, assim como em 1954, quando derrotou a também favorita Hungria na final, a Alemanha bateu o melhor time e levou o título. O holandeses até saíram na frente, logo aos dois minutos, quando Neeskens converteu um pênalti. Mas a Alemanha virou o jogo e ganhou por 2 a 1.
Passado, presente, futuro
A Holanda também chegou à final da Copa seguinte, mas não apresentou a mesma dinâmica durante o torneio e perdeu para a Argentina, dona da casa. Os holandeses não contavam com seus dois maestros: Rinus Michel e Johan Cruyff. Os dois, no entanto, se juntaram no Barcelona, plantando a raiz do estilo de jogo que faria o time espanhol se tornar a maior potência do futebol contemporâneo.
A origem do "futebol total" está em Jack Reynolds, técnico holandês que treinou Michels, quando este atuou pelo Ajax. O pupilo aprimorou o estilo do mestre e recebeu da Fifa, em 1999, o título de melhor técnico do século. Já Cruyff herdou os ensinamentos de Michels e os aplicou quando treinou o Barcelona, na década de 1990. Coube ao espanhol Pep Guardiola, que foi treinado pelo ídolo holandês no time catalão, adaptar as lições do "futebol total" para o século XXI. O resultado: mesmo não estando mais sob a direção de Guardiola, o futebol do Barcelona continua um modelo para todos os outros times.
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