Confederações coincide com agitação nas ruas e conviverá com protestos
Torneio começa neste sábado com Brasil x Japão em meio à efervescência por protestos nas principais cidades brasileiras durante a última semana
Em São Paulo, uma semana marcada por protestos contra o aumento na tarifa do transporte público e confrontos entre manifestantes e Polícia Militar. No Rio de Janeiro, a mesma causa levou milhares de pessoas às ruas. Na sexta-feira, Brasília, Porto Alegre e São Paulo registraram passeatas contestando a Copa do Mundo de 2014. Em meio à efervescência nas ruas das cidades brasileiras, terá início neste sábado a Copa das Confederações, torneio-teste para o Mundial que inevitavelmente servirá de vitrine para reivindicações dos mais variados grupos.
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O dia da abertura do torneio será marcado por protestos em pelo menos quatro cidades. Em Brasília, local do jogo inaugural entre Brasil e Japão, a manifestação terá início às 11h na rodoviária do Plano Piloto, localizada poucos metros do Estádio Nacional de Brasília, e contará com participação do Comitê Popular da Copa e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Na sexta, o mesmo grupo fechou a Avenida Eixo Monumental, queimou pneus e chamou a atenção da mídia nacional e internacional presente na capital federal. Quatro pessoas foram presas.
Local do segundo jogo da Seleção Brasileira no torneio, diante do México, Fortaleza também já se prepara para protestos. No Facebook, organizações já preparam uma manifestação para a próxima quarta-feira, dia do jogo, na esteira do que ocorreu na última quinta, quando cerca de 5 mil pessoas do movimento “Fortaleza Apavorada” fizeram um apitaço pedindo por segurança sob o lema de "Futebol, não! Eu quero proteção!”.
Criticada pelas exigências que fazem o custo de uma Copa do Mundo ser gigantesco para o País, apesar dos claros benefícios momentâneos levados, a Fifa não deve escapar dos protestos. Diante de um cenário efervescente, a entidade disse que está monitorando a situação, mas que “respeita a liberdade de expressão”. O Governo Federal, por meio do ministro dos Esportes Aldo Rebelo, também garantiu que as manifestações não vão afetar a Copa.
Já é usual em eventos oficiais um forte aparato de segurança por parte da Fifa. Em Brasília, o QG da entidade fica ao lado do Palácio da Alvorada, em um lugar afastado do centro da cidade, e conta com um rigoroso sistema de vigilância por parte da Polícia. A tendência é que, com a onda de manifestações, a entidade reforce ainda mais a atenção com a segurança.
A preocupação com multiplicação de protestos fez a Justiça de Minas Gerais adotar uma medida cautelar, proibindo greve e manifestações durante a Copa das Confederações. A repressão policial também será mais fiscalizada depois dos confrontos em São Paulo que deixaram muitos feridos.
Seleção na mira
Contando com o maior número de holofotes nesta Copa das Confederações, a Seleção Brasileira será outro grande chamariz para manifestações. Durante a passagem do time de Felipão por Goiânia, por duas vezes sindicatos locais e estudantes protestaram em frente ao hotel onde estava hospedada a Seleção contra o Governo do Estado. Até a viagem para Brasília, que seria realizada de ônibus, teve de ser mudada para o avião por conta da ameaça de bloqueios de manifestantes na estrada para aproveitar a visibilidade da Seleção.
Existe na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a preocupação com a situação. Em Goiânia, a entidade trocou um local de treinamento de última hora ao tomar conhecimento da possibilidade de protestos. Apesar de não existir nenhuma medida cautelar, a CBF está em alerta para casos como este e mudará logísticas em caso de necessidade.
Durante toda a Copa das Confederações, a Seleção Brasileira ficará em hotéis com o máximo de privacidade possível. No DF, por exemplo, apenas hóspedes e convidados conseguem chegar ao saguão do Brasília Palace. E isso depois de passar por ndois bloqueios rigorosos. A entidade alega que as regras são adotadas pelo estabelecimento e seguem o padrão Fifa, mas agradece o isolamento oferecido.
Além das manifestações indiretas que pode presenciar por ser uma grande vitrine, a Seleção ainda conviverá com grupos que pedem a saída do presidente José Maria Marin da CBF. No Rio de Janeiro, por duas vezes, houve protestos contra o dirigente, que é alvo de críticas principalmente por seu passado.
No meio de tudo isso, os jogadores da Seleção tentam manter-se afastados da efervescência nas ruas. Lucas, por exemplo, acredita que a Seleção pode ajudar a acalmar os ânimos. “Que a gente, com o futebol, possa unir o povo e que as coisas se resolvam. Que se resolva o mais rápido possível e tudo volte ao normal”, disse, em referência aos protestos em São Paulo contra o aumento das tarifas no transporte público.
Sem-teto protestam contra Confederações e bloqueiam avenida