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Copa das Confederações

Maracanã enche Taiti de aplausos e mantém clima de protestos

Torcida festeja vontade dos taitianos, vê dez gols e passa por cima das proibições da Fifa mostrando cartazes de protesto no estádio

20 jun 2013 - 18h06
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<p>Torcida no Maracanã festejou o Taiti e manteve o clima de protestos que tomou o Brasil</p>
Torcida no Maracanã festejou o Taiti e manteve o clima de protestos que tomou o Brasil
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O Taiti dá a cada jogador adversário uma flâmula e um colar, típido do país. Se pudessem, os jogadores taitianos hoje fariam questão de dar um presente a cada um dos torcedores que veio ao Maracanã ver o time enfrentar a Espanha pela Copa das Confederações. Eles sabiam que seriam goleados? Todos sabiam? Sabiam que teriam poucas chances de gol? Claro que sim. Mas e daí? Isso aqui é o Maracanã, é Brasil. E brasileiro tem a mania de torcer sempre pelo mais fraco. Nem o desejo de ver a toda poderosa Espanha, campeã do mundo e europeia do toque de bola envolvente, serviu para mudar a cabeça do torcedor local.

Vaias para a Espanha, aplausos todos para o Taiti. Aplausos para os jogadores aquecendo, aplausos para jogadores agradecendo, aplausos para o hino, o primeiro toque na bola, a primeira falta sofrida, o primeiro chute na barreira e o primeiro chute a gol. Aplausos até quando Vallar gentilmente se abaixou para amarrar as chuteira do goleiro Roche. Apesar de esse ter acontecido aos 45 minutos do primeiro tempo, quando a Espanha já vencia por 4 a 0 e sem fazer muito esforço.

Na primeira tentativa de troca de passes, o primeiro ensaio da torcida para o “olé”. Mas o passe não chegou. Grito sufocado. Quando Fernando Torres fez o primeiro gol, os gritos de “Vamos virar, Taiti” ecoaram pelo Maracanã com força. Certamente os taitianos não entenderam nada. Pareciam de certa forma enfeitiçados com o toque de bola espanhol, que, diga-se de passagem, esteve longe de ser o que estamos acostumados quando jogam os titulares. O domínio no primeiro nem foi tão grande assim por parte dos espanhóis: pouco mais de 60% de posse de bola.

Talvez já pensando numa possível final contra o Brasil, nesse mesmo Maracanã, a torcida brasileira deu seu recado: “Ô Espanha, pode esperar; a sua hora vai chegar”. Porque a hora do Taiti já chegou. Entrou em uma competição oficial da Fifa (se o Taiti é assim, imaginem os que perderam dele?), veio ao Brasil, jogou nos estádios que serão da Copa do Mundo, admiraram, foram ovacionados, queridos e até mesmo ironizados pela mesma torcida que os apoiou 90 minutos.

<p>Torcedores erguem cartazes de protestos apesar do veto da Fifa</p>
Torcedores erguem cartazes de protestos apesar do veto da Fifa
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Mas tem uma hora quem nem é a diferença técnica que marca a diferença. Mas a diferença física. Começou o segundo tempo e os taitianos estava mortos. Dois palmos de língua para fora, enquanto os espanhóis sobravam. Tanto que Vicente del Bosque tirou um zagueiro, Ramos, para colocar mais um atacante, Navas. Vieram o quinto, o sexto, o décimo. Depois da falha no oitavo gol, o goleiro Roche foi adotado pela torcida, que passou a celebrar qualquer defesa sua como se fora um gol. No fim até os espanhóis foram abraçar o goleiro, em solidariedade pelos dez gols sofridos. A coisa só mudou, um pouquinho, para o lado da Espanha quando Iniesta entrou em campo aos 31 do segundo tempo. 

Partida resolvida, e o Maracanã esqueceu do Taiti, da Espanha, do jogo, e levantou seus cartazes. Vários. Por todo o estádio. Protestando contra o governo veio o grito de “O povo unido, jamais será vencido”. Um recado claro às autoridades do Brasil  e também às da Fifa, de que mesmo que ela proíba manifestações políticas, o torcedor está disposto sim a protestar e se fazer ouvir onde seja. E ainda terminaram com o estádio de pé cantando o Hino Nacional. Uma demonstração de que as passagens baixaram de preço, mas o povo quer mais. E não parece disposto a se calar.

No fim os taitianos reverenciaram os espanhóis na saída do gramados e ganharam seus prêmios: camisas do campeão do mundo para todos e um Maracanã de pé gritando: "Taiti, Taiti, Taiti!". O goleiro ainda se ajoelhou para agradecer a tanto carinho. Fernando Torres e Villa, com sete gols marcados, é que agradecem.

Fonte: Terra
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