Script = https://s1.trrsf.com/update-1731943257/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Copa do Mundo

Análise do Brasil: o time e os jogadores dentro de campo

12 jul 2010 - 03h45
Compartilhar
Allen Chahad
Direto de Johannesburgo

Disciplina taticamente, com espírito de equipe. E sem brilhantismo. Dentro de campo, a Seleção Brasileira foi a imagem e semelhança de seu criador na Copa do Mundo da África do Sul. Com exceção do segundo tempo da eliminação nas quartas de final contra a Holanda, que jogou água abaixo o sonho do hexa, o técnico Dunga apresentou um time competitivo.

O setor defensivo esteve seguro e sólido na maior parte do tempo. A criação deixou a desejar. Mas ainda assim o time conseguia se superar e marcar gols. Foram nove gols em cinco jogos.

A Seleção sofreu ainda quatro gols, levou sete cartões amarelos e dois vermelhos. Cometeu 78 faltas e sofreu duas a menos, 76. No total, foram 89 finalizações, sendo 31 delas na direção do gol.Venceu Coreia do Sul (2 a 1) e Costa do Marfim (3 a 1), enquanto empatou com Portugal (0 a 0) para se classificar como primeiro do Grupo G. Atropelou o Chile (3 a 0) nas oitavas de final. E perdeu de virada para a Holanda (2 a 1) nas quartas.

Entre as principais estrelas do time, Robinho foi o melhor. Kaká decepcionou. E Luís Fabiano foi mediano, tendo marcado três gols em cinco jogos.

As retrancas

O pesadelo de Dunga na primeira fase da Copa do Mundo foi enfrentar equipes retrancadas. Como todos, ou quase todos, os jogadores atrás da linha da bola. Embolando no meio de campo e na defesa, mais preocupados em não deixar o Brasil jogar do que qualquer outra coisa.

Por isso a Seleção não teve nenhum jogo tranquilo no Grupo G. Sempre na esperança de marcar logo nos primeiros minutos e obrigar o adversário a sair para o jogo, o Brasil sofreu para abrir o placar, apesar de sempre ter maior posse de bola - 63% x 37% contra Coreia do Norte, 56% x 44% contra Costa do Marfim e 61% x 39% contra Portugal.

A melhor atuação

Na primeira vez que pegou um time também disposto a atacar, o Brasil se impôs com muito mais facilidade. Nas quartas de final, o técnico argentino Marcelo Bielsa escalou quatro jogadores ofensivos e foi pra cima do Brasil.

Resultado, 3 a 0. Apesar da posse de bola ter sido rigorosamente igual entre as equipe e do número de finalizações parelho - 17 do Brasil, contra 15 do Chile -, o time de Dunga foi mais competente.

A queda

A Seleção só não teve mais posso de bola exatamente no jogo que acabou eliminada. Viu os holandeses 51% do tempo com o domínio, apesar de ter finalizado mais vezes - 15, contra 11.

No primeiro tempo, o Brasil foi bastante superior. E chegou ao intervalo com a vitória parcial de 1 a 0. No segundo tempo, foi muito inferior. Muito. Desorganizado, nervoso e incapaz, principalmente depois de ficar com um jogador a menos ao ter Felipe Melo expulso.

Júlio César

O goleiro brasileiro chegou à Copa com pompa de um dos melhores goleiros do mundo. Para muitos, o melhor. Na bagagem, o título da Liga dos Campeões da Europa recém-conquistado com a Inter de Milão.

Logo no primeiro amistoso preparatório, contra Zimbábue, um susto. Sentiu uma lesão muscular nas costas e foi substituído ainda no primeiro tempo. Nem viajou para o segundo amistoso contra a Tanzânia.

Trabalhou intensivamente e se recuperou para a estreia contra a Coreia do Norte. Levou um gol e não escondeu a decepção apesar da vitória. Foi vazado mais uma vez na vitória contra a Costa do Marfim.

Nem trabalhou tanto durante a Copa. Realizou 13 defesas em cinco jogos, média de pouco mais de duas por jogo.

E acabou com quatro gols sofridos no total dos cinco jogos. Sendo o penúltimo deles de forma trágica. Trombou com Felipe Melo, sem nenhum holandês por perto, e furou o soco que queria dar na bola.

Maicon

Foi titular absoluto da lateral direita. E fez o primeiro gol do Brasil na Copa, abrindo caminho para a vitória sobre a Coreia do Norte. Acabou eleito pela Fifa o melhor jogador em campo daquela partida.

Durante toda a Copa, conseguiu ainda seis finalizações e uma assistência. Acertou 79% dos passes e 21% dos cruzamentos.

Lúcio

O capitão da Seleção teve um desempenho muito bom. Cometeu apenas três faltas e não recebeu nenhum cartão. Realizou sete desarmes e quatro finalizações.

Juan

Assim como seu companheiro de defesa, Lúcio, teve um Mundial muito bom, sendo um dos nomes mais importantes da Seleção durante a Copa. Não tão incisivo no setor ofensivo como Lúcio, Juan mostrou na Copa que é capaz defender sem cometer muitas faltas.

Ao todo fez apenas duas faltas e conseguiu 11 desarmes nas cinco partidas da Seleção neste Mundial. Contribuiu ainda com um gol de cabeça, no duelo contra o Chile. O tento abriu o caminho para a vitória convincente da equipe de Dunga sobre o rival sul-americano. No duelo contra os holandeses teve pouca culpa nos dois gols marcados pela equipe europeia.

Felipe Melo

Não fosse a atuação desastrosa contra a Holanda, o que não foi pouca coisa, o volante teria feito uma boa Copa do Mundo. Foi comandante do meio de campo e terminou a competição com índice de 90% de acerto nos passes.

Fez falta ao time quando saiu contundido no primeiro tempo do jogo contra Portugal e precisou ficar de fora contra o Chile. Depois de um duelo de pontapés com Pepe, levou um pisão por trás e machucou o tornozelo. Já dava demonstrações de desequilíbrio psicológico. Não fosse a substituição, provavelmente teria sido expulso naquele jogo.

Tragédia anunciada que virou pesadelo real nas quartas de final contra a Holanda. Primeiro esboçou o script de herói ao dar bela assistência para Robinho marcar no primeiro tempo. Depois, no segundo tempo, se aproximou mais do papel de vilão.

Trombou com o goleiro Júlio César e marcou contra o gol de empate da Holanda ¿ só no dia seguinte a Fifa interveio e contabilizou para Sneijder. Depois pisou em Robben e foi expulso já com o placar invertido a favor dos europeus. Eliminando bruscamente as chances de reação do Brasil.

No total, cometeu seis faltas, levou um cartão amarelo e um vermelho. Fez três finalizações.

Michel Bastos

Na posição mais contestada da Seleção Brasileira, o jogador sai da Copa do Mundo sem convencer de que pode dominar a lateral esquerda da equipe verde e amarela. O atleta do Lyon começou bem nos amistosos, fazendo uma boa apresentação contra o Zimbábue.

Porém, na Copa do Mundo, o que se viu de Michel Bastos foram atuações bem irregulares. Pouco acionado, o lateral mostrou alguns problemas no setor defensivo e deficiência nos cruzamentos no setor ofensivo, no qual teve um aproveitamento de apenas 18%. Usou a finalização como sua principal arma, chutando a gol oito vezes no total.

Na partida contra a Holanda teve muito trabalho para parar o atacante Robben, acabou partindo para as faltas e levou um cartão amarelo. Foi substituído por Gilberto para evitar que recebesse o cartão vermelho, mostrando que ainda sofre para se adaptar a lateral, já que no futebol francês joga meia.

Elano

Fazia uma excelente Copa e deu azar ao sofrer lesão grave. Em dois jogos, o meia marcou dois gols, finalizou sete vezes, deu uma assistência e acertou 62% dos passes.

Mas logo na segunda partida, contra a Costa do Marfim, Elano levou uma solada. Entrada muito dura de Tioté. O juiz nem falta marcou, mas o meia precisou ser substituído imediatamente. Saiu carregado e chorando de campo.

Pouco depois disse que a lesão não era tão grave. Tentou voltar aos treinamentos, mas seguiu sentindo dores. Antes do jogo contra a Holanda, deu entrevista ao lado do médico José Luiz Runco anunciando que um exame de imagem apontou um edema no osso. Mesmo que o Brasil avançasse, não se sabe se ele jogaria de novo no Mundial.

Gilberto Silva

Um dos jogadores da Seleção que saiu em alta desta Copa do Mundo. Com uma grande regularidade nas suas cinco atuações no comando do meio-campo brasileiro, o experiente volante foi um dos destaques positivos da equipe de Dunga, pela boa marcação e a boa saída de bola.

O camisa 8 cometeu apenas seis faltas nos duelos contra Coreia do Norte, Costa do Marfim, Portugal, Chile e Holanda. Com um aproveitamento excelente de 86% de acerto nos passes municiou por diversas vezes os meias ofensivos e os atacantes brasileiros.

Luís Fabiano

Candidato a artilheiro da Copa, o atacante fez três gols em cinco jogos. Terminou sua participação com 11 finalizações no total, além de dez faltas cometidas, nove sofridas e um cartão amarelo.

Depois de passar em branco na estreia contra a Coreia do Norte, Luís Fabiano fez fois golaços contra a Costa do Marfim. Encerrou nove meses de jejum pela Seleção Brasileira. Acabou eleito pela Fifa o melhor em campo naquela partida.

Voltou a marcar contra o Chile, nas oitavas, novamente em jogada muito bem trabalhada com Kaká. Mas foi só. Acabou sem brilho.

Kaká

O meia se esforçou muito para jogar a Copa. Por causa de duas lesões seguidas, no púbis e na coxa, vinha de um longe período de inatividade no Real Madrid. Viajou ao Brasil mais cedo para fazer fisioterapia no São Paulo. Também se apresentou antes dos demais em Curitiba para seguir o tratamento. E trabalhou intensivamente até a estreia da Seleção no Mundial.

No final da Copa, o médico José Luiz Runco revelou que Kaká esteve a 80% do seu condicionamento físico ideal. O que ajuda a entender a participação decepcionante do craque que já foi eleito o melhor jogador do mundo.

Finalizou oito vezes, mas não fez nenhum golzinho. Não conseguiu fazer suas arrancadas tradicionais. Não tinha velocidade. Tentou compensar trabalhando de garçom, tendo feito três assistência. Acertou 75% dos passes. Sofreu 12 faltas e cometeu seis, mostrando um inédito lado "bad boy".

Kaká foi expulso depois de levar o segundo amarelo na partida contra a Costa do Marfim. No lance polêmico, trombou com Keita e provou a fúria dos africanos. Depois de cumprir suspensão contra Portugal, levou mais um amarelo na partida contra o Chile. Com fama de bom moço, despertou surpresa e preocupação do técnico Dunga.

Depois da derrota para a Holanda nas quartas, mal conseguia falar. Era um dos jogadores mais abalados.

Robinho

Fez dois gols, finalizou 11 vezes, deu uma assistência e acertou 75% dos passes nos quatro jogos que participou. Além da habilidade costumeira, mostrou muita garra e correu incansavelmente na maior parte do tempo.

Robinho fez seu primeiro gol em Copas nas quartas de final contra o Chile. Acabou eleito o melhor em campo naquela partida. Depois balançou a rede mais uma vez na trágica eliminação de virada para a Holanda, nas oitavas.

Quando não esteve em campo, fez muita falta. Precisou ser poupado por causa de dores musculares antes do duelo contra Portugal -o Brasil já estava classificado antecipadamente. A equipe, que já tinha dificuldades de criação, ficou ainda mais carente. O técnico Dunga, que evita fazer análises individuais, disse que o atacante estivesse em campo a história do empate por 0 a 0 poderia ter sido outra.

Daniel Alves

Conhecido como o 12º jogador da Seleção Brasileira antes do Mundial, Daniel Alves acabou virando titular definitivo depois da grave contusão do meia Elano. Mesmo sendo convocado como lateral direito, mostrou sua tradicional competência jogando no meio-campo.

Entrou em todas as partidas da Seleção e foi um dos mais caçados em campo na equipe verde e amareala, sofrendo 13 faltas. Com a falta de um homem de criação na equipe de Dunga, Daniel Alves se transformou em uma arma, vindo de trás e chegando para chutar. Ao todo fez 13 finalizações nos cinco jogos.

Teve excelentes atuações contra Costa do Marfim e Chile, mas assim como todo o resto da equipe naufragou no jogo contra a Holanda, principalmente na segunda etapa, quando pouco conseguiu criar ao lado de Kaká, o que impediu o Brasil de conseguir uma reação para buscar vaga nas semifinais.

Ramires

Um dos jogadores contestados na lista de 23 nomes, o meia Ramires teve três atuações apagadas na primeira fase, entrando apenas em poucos minutos nos confrontos da Seleção contra Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal. Porém, assumiu a posição de titular como segundo volante no duelo contra o Chile e foi um jogador essencial na vitória por 3 a 0, dando assistência para o gol de Robinho.

Destaque no duelo das oitavas de final, era apontado como uma peça importante para a sequência da equipe na competição, encaixando bem o meio-campo antes mais travado com Felipe Melo. Mas Ramires levou o segundo cartão amarelo contra os chilenos, após cometer uma falta boba distante do gol de Júlio César, foi suspenso e teve de ficar de fora do duelo contra os holandeses, que eliminou o Brasil do Mundial.

Nilmar

Depois de um belo desempenho durante as Eliminatórias Sul-Americanas, se esperava que Nilmar disputasse com força a posição de titular no ataque brasileiro com Robinho. Mas não foi isso que se viu durante a Copa do Mundo. Nas quatro partidas que entrou pouco se viu do atacante do Villarreal.

A grande decepção ficou por conta do jogo contra Portugal. Com Robinho sentindo um desconforto na coxa, Nilmar teve a oportunidade de começar como titular. Mas não agradou, tendo pouca efetividade ao lado de Luís Fabiano e perdendo uma chance na cara do goleiro português.

No duelo contra os holandeses foi a esperança de Dunga para mudar o jogo, entrando no lugar de Luís Fabiano. Porém, sem a ajuda dos meio-campistas não conseguiu contribuir muito. Saiu do Mundial sem nenhum gol em seis finalizações tentadas. Acostumado a ser um jogador caçado em campo, viu situação distinta na África do Sul, cometendo cinco faltas e sofrendo apenas uma.

Principal esperança da Seleção, Kaká não esteve nas suas melhores condições
Principal esperança da Seleção, Kaká não esteve nas suas melhores condições
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra