Com apoio do povo e de Putin, Rússia pega Croácia por semi
O que parecia um sonho impossível pode se confirmar neste sábado, às 15 horas, em Sochi
A Copa do Mundo da Rússia começou com a seleção anfitriã desacreditada e o governo local sob críticas por atrasos na entrega dos estádios, suspeitas de superfaturamento das obras e momento econômico de incertezas. Agora, a Rússia está nas quartas de final e tudo mudou. Embalada pela torcida e com o apoio do presidente Vladimir Putin, os russos enfrentam contra a Croácia neste sábado, às 15 horas (de Brasília), no Fisht Stadium, em Sochi, na briga por uma histórica e inédita vaga nas semifinais do Mundial.
O clima dos torcedores e da população perante a Copa do Mundo começou a mudar logo no primeiro dia. Nada como uma goleada na estreia, por 5 a 0 contra a Arábia Saudita, para que a desconfiança desse lugar à esperança. Em seguida, outra vitória, desta vez sobre o Egito por 3 a 1 e vaga nas oitavas de final garantida antecipadamente. A empolgação diminuiu no terceiro jogo da primeira fase, quando a Rússia foi derrotada pelo Uruguai, por 3 a 0, e teve conhecimento sobre o próximo adversário: a temida Espanha.
Com aplicação tática, entrega dos jogadores e estratégia de sucesso definida pelo técnico Stanislav Cherchesov, os russos superaram os espanhóis nos pênaltis (4 a 3), após empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, para euforia dos fãs.
Uma conquista inesperada e muito comemorada. Agora, o desafio é controlar a ansiedade promovida por esse clima de excitação do povo e encarar uma organizada e talentosa Croácia. A situação mudou a rotina dos integrantes da delegação, para não serem contaminados pelo clima. "Eu tento não assistir à televisão e ler jornais. Nós só nos concentramos no nosso trabalho", afirmou Stanislav Cherchesov, que tem recebido ligações telefônicas de Vladimir Putin antes - para desejar sorte - e depois das partidas - para parabenizar a equipe.
A missão de ficar entre as quatro melhores seleções de futebol do planeta está nos pés de um grupo de jogadores com raízes no país, já que, dos 23 convocados, 21 atuam em clubes russos. E a Rússia ainda pode ter o reforço da torcida brasileira, pois o lateral-direito Mario Fernandes nasceu em São Caetano do Sul (SP), em 1990 - ganhou a cidadania russa por decreto assinado por ninguém menos do que o presidente.
Se a base da seleção russa é formada por jogadores que atuam no próprio país, a Croácia vive situação contrária. Dos 23 convocados, apenas dois jogam em times croatas. Uma internacionalização que deu experiência e elevou a técnica dos atletas comandados pelo treinador Zlatko Dalic.
O volante Ivan Rakitic (Barcelona), o meia Luka Modric (Real Madrid) e o atacante Mario Mandzukic (Juventus) são alguns dos atletas que estão nos grandes centros futebolísticos e dão o toque refinado ao estilo de jogo croata, marcado por posse de bola e troca de passes rápidos.
Até agora a fórmula deu certo: três vitórias na primeira fase - contra Nigéria (2 a 0), Argentina (3 a 0) e Islândia (2 a 1) - e vaga para as quartas de final conquistada nos pênaltis (3 a 2), depois de empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação diante da Dinamarca.
Invicta e com bom desempenho, comparações com a seleção que chegou às semifinais da Copa do Mundo de 1998 são inevitáveis - conquistou o terceiro lugar naquele Mundial na França. Mas a equipe atual está disposta a escrever a sua própria história. E, para isso, tem de superar um tabu.
Será a terceira vez que a Croácia enfrenta o time anfitrião da Copa do Mundo. Aconteceu há 20 anos, com aquele esquadrão de Prosinecki, Boban e Suker, que perdeu da França na semifinal por 2 a 1. E ocorreu também em 2014, ao enfrentarem o Brasil na estreia: derrota por 3 a 1. "Se quisermos passar, teremos de ser dominantes e impor nosso jogo", projetou o técnico, que visa acabar com a alegria dos russos.