Crise de riso, pedido de carona e talento precoce: narradora de 19 anos relembra perrengues
Letícia Macedo fez sucesso comandando as transmissões da Copa do Mundo Feminina pela Cazé TV
A Copa do Mundo Feminina ficou marcada pela chegada de uma safra de novos talentos. Dentro de campo, Salma Parallelo, Linda Caicedo e Mary Fowler representam a renovação do futebol feminino. Fora das quatro linhas, vozes potentes como da narradora Letícia Macedo, da Cazé TV, indicam um momento promissor para as mulheres na comunicação esportiva.
Com mais de 10 jogos transmitidos para o canal durante o Mundial, a jovem de apenas 19 anos chamou a atenção pela facilidade e segurança ao narrar um dos maiores eventos esportivos de todos os tempos.
Letícia sempre gostou de esportes. Tentou jogar futebol quando era criança, mas foi fora de campo que ela se descobriu. Começou nas transmissões como plantonista de uma web rádio aos 15 anos. Foi depois de um pedido de surpresa para narrar um pênalti no ar que ela passou a tomar gosto pela função.
“Eu nunca me imaginei sendo narradora esportiva, uma profissão rara que não era comum. Quando eu comecei, já havia mulher narrando em alguns canais de comunicação então, eu sou de uma geração que tive mulheres para me inspirar, porém nunca passou pela minha cabeça ser narradora”, contou a jovem que já foi testada como repórter e comentarista no início da carreira.
Atualmente, o cenário possui diversas referências. Natalia Lara, Renata Silveira e Isabelly Morais, por exemplo, comandaram as transmissões da Copa Feminina no grupo Globo. Letícia já dividiu trabalhos com a pioneira Luciana Mariano e já trocou experiências com Elaine Trevisan e Camilla Garcia, locutoras da ESPN.
Em entrevista ao Terra, ela revelou que recebe inúmeras mensagens de mulheres que também sonham em narrar. “Eu me sinto muito feliz em ser a narradora mais jovem dessa Copa do Mundo Feminina porque marca o começo de novos sonhos de uma geração mais jovem. Eu posso servir de inspiração para muitas meninas que querem ingressar nessa área. Eu me emociono bastante quando eu comento sobre isso, por que eu nunca pensei, e hoje em dia, não imagino fazer outra coisa a não ser narrar um jogo de futebol."
Assim como todo profissional em começo de carreira, ela precisou driblar situações novas em sua rotina profissional que, no início, contou com um agravante: a falta de autonomia por ter menos de 18 anos.
“Como eu comecei bastante nova, encontrei algumas dificuldades de locomoção até os estádios, alguns eram longe da minha casa, e muitas vezes o meu pai que sempre esteve presente, precisou me acompanhar. Já perdi alguns eventos por causa da idade e a necessidade de assinar contratos. Também precisei aprender a administrar as críticas construtivas, os comentários negativos e maldosos. Demorei um pouco para conseguir entender e tentar extrair algo legal e positivo desses comentários. Hoje em dia, eu consigo lidar muito melhor”, lembrou a narradora, que chegou a se emancipar para não perder trabalhos.
As narrações leves e despojadas de Letícia se encaixaram no novo formato de transmissão dos stramings. Ela costuma se divertir no ar com seus companheiros, e sempre tem uma brincadeira na ponta da língua.
“Durante as transmissões já aconteceram vários micos, e o mais emblemático foi em uma transmissão de futsal com a comentarista Nathalia Ferrão e o nome do árbitro era Macaulay Culkin. Eu conheço a história do Esqueceram de Mim, mas quando apareceu o nome do árbitro na tela, a Nathalia começou a dar risada e eu não me atentei muito, mas quando estou vendo uma pessoa dando risada eu também fico com vontade de rir”, contou, ao lembrar que demorou para conter a crise de risos.
Letícia mora sozinha em São Paulo, já que sua família é do litoral paulista. Foi por meio do seu trabalho na narração esportiva que ela conseguiu mobiliar por conta toda a sua casa. Ela costuma compartilhar seu dia a dia nas redes sociais, onde celebra suas conquistas pessoais.
Aos 19 anos, a mais jovem voz da narração fala com emoção sobre o auxílio que aos poucos proporciona para a sua família. Ela sempre teve o apoio de seus pais, e agora, busca retribuir todo o incentivo que foi fundamental para transformar a menina de Cubatão, na dona da voz revelação da Copa do Mundo.
“Eu tenho uma irmã pequena de dois anos, a Laís, que eu acabo não tendo tanto contato, por morar longe, mas sempre tento estar perto seja em ligação de vídeo ou levando algum presente quando vou visitá-la. Eu estou trabalhando para tentar ajudar melhor os meus pais e dar uma boa condição para eles”, falou emocionada.
Mesmo com pouca idade, a garota já realizou grandes feitos na sua carreira. Já narrou a final da Champions League e do Paulistão Feminino, atua nas transmissões da Libertadores diretamente da sede da Conmebol TV, em Buenos Aires, na Argentina, e agora se prepara para o novo desafio: transmitir os Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 pela Cazé TV. O canal anunciou que adquiriu os direitos de transmissão do evento.
Além do futebol, ela já soltou a voz no futsal, surfe, skate, vôlei de quadra e praia, natação, rugby e ginástica. Tanto nos esportes femininos ou masculinos, sempre tem um plano de estudos montado para facilita o seu contato com diversas modalidades.
“Eu gosto de viver tudo com muita intensidade e de me divertir trabalhando. O meu foco principal é estar pronta para os novos desafios, e estar sempre pronta para novas oportunidades. Viver um dia de cada vez, mas sempre pensar à frente, mas o principal é estar preparada para o que der e vier”, finalizou Letícia Macedo.
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