Em carta de despedida, Marta lembra família e é taxativa: "Esta Copa não é sobre mim"
A jogadora deu detalhes sobre sonhos para o futuro e se diz orgulhosa por ser inspiração para novas atletas
Disputando a sexta e última Copa do Mundo Feminina de sua carreira, a rainha Marta deixou uma carta em tom de despedida para o site The Players' Tribune. No texto, a atleta relembrou a infância, o apoio que recebeu da mãe, projetou sonhos para o futuro e deixou um recado para a nova geração.
Criada no sertão de Alagoas, ela relata de forma íntima o apoio que recebeu da mãe, Tereza.
"Tudo o que eu faço, tudo o que realizo, qualquer conquista que alcanço na vida, tudo remete à minha mãe. Lá no sertão de Alagoas, onde eu cresci, todas as manhãs eu acordava cedo e radiante para jogar futebol. Era tudo o que eu queria fazer. Eu me trocava bem ligeira e já saía logo pra rua, que foi onde eu comecei a jogar. De repente, olhava em volta e... Via um mar de meninos. Todo dia. Nada de meninas. Nem umazinha sequer. Apenas meninos", conta.
Marta reafirma o carinho que recebeu da mãe e como ela a incentivou a fazer o que ama, independnetemente do que os outros dissessem.
"Ela é o motivo de eu ser quem eu sou. E ao entrar em campo em mais uma Copa do Mundo, eu estarei pensando nela", assegurou a rainha.
Hoje, Marta é uma inspiração para a nova geração de jogadoras e sabe disso.
"Sinto um orgulho imenso ao imaginar que talvez existam meninas por aí me assistindo e que eu possa inspirá-las a alcançar seus sonhos. Isso significa muito para mim. Vale mais do que qualquer título, medalha ou troféu que ganhei", continuou.
Recentemente, a camisa 10 confirmou que este será seu último Mundial. Aos 37 anos, ela pretende parar. Mas Marta tem nítido o futuro que espera para o futebol: meninos e meninas jogando futebol igualmente.
"Eu bem velhinha chegando num parque enorme com vários campos de futebol. Meninas e meninos estão jogando bola por todos os cantos que você olha. E eu estou com uma daquelas cadeiras de praia baratas, uma bebida na mão — talvez seja um café, mas, dependendo do dia, quem sabe… talvez seja outra coisa. Encontro um bom lugar na beira do campo, abro minha cadeira e me jogo que nem os americanos costumam fazer. Tomo um gole da minha bebida e então... Só aprecio aquelas crianças jogando o jogo que elas adoram. O jogo que todos nós amamos".
No final da carta, a atleta desabafa sobre a pressão que sofre e afirma que esse Mundial é sobre todas as atletas. "Falando em futuro... Posso ser sincera de novo? Estou tão cansada de falar sobre isso! Não quero mais que me perguntem sobre a Marta. Esta Copa não é sobre mim. Não é só a Marta. Nunca foi só a Marta. E nunca será só a Marta. É sobre todas nós. É sobre o BRASIL. Assim como deve ser".