Veteranas dão adeus e jovens trazem esperança ao Brasil após pior Copa da era Marta
Brasil foi eliminado na fase de grupos do Mundial e Marta se despediu do torneio sem gols
A participação brasileira na Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2023 foi aquém do esperado. A eliminação ocorreu logo na fase de grupos, na qual o Brasil enfrentou uma seleção estreante (Panamá) e outra que nunca havia vencido em Mundiais antes de 2023 (Jamaica).
Foi a terceira vez que a Seleção caiu na primeira fase do Mundial. As outras duas tinham ocorrido nas primeiras edições da competição, em 1991 e 1995.
A partida que eliminou a equipe verde-amarela foi o empate por 0x0 diante da Jamaica na última rodada da fase de grupos. Não conseguir balançar as redes de uma rival na primeira fase foi uma surpresa. Nos 27 jogos da Seleção em fases iniciais de Copa, isso ocorreu apenas três vezes: diante da Jamaica em 2023 e em duas partidas de 1991, contra as campeãs (Estados Unidos) e as terceiras colocadas (Suécia) daquele ano.
Em parte, a dificuldade do Brasil pode ser explicada pelo processo de renovação. A convocação para esta Copa foi marcada por mudanças na Seleção Brasileira. Foi o primeiro Mundial sem Formiga desde 1991 – ela participou das sete edições entre 1995 e 2019, somando 27 jogos, o segundo maior número na história do torneio, atrás da americana Kristine Lilly (30). Cristiane, segunda maior artilheira do Brasil na Copa do Mundo (11 gols) também não foi chamada.
Apesar do trabalho de Pia Sundhage ter a intenção de renovar, a escalação titular no jogo da eliminação também teve experiência. Foram cinco jogadoras com mais de 30 anos: Luana, Debinha, Rafaelle Souza, Tamires e Marta. A média de idade das titulares brasileiras nessa partida foi de 29 anos e 263 dias, a sétima maior de uma seleção em um jogo da atual edição da Copa.
A despedida da mais veterana delas já é certeza. Marta, com 37 anos, disse que esse foi seu último Mundial. Foi a primeira edição que a Rainha participou e não marcou gols, jogando apenas 100 minutos nos três jogos da Seleção. Ela continua compartilhando o recorde de mais edições marcando gols com a canadense Christine Sinclair (5), histórica jogadora que também participou do Mundial de 2023 e viu sua seleção eliminada na fase de grupos sem que pudesse marcar gols.
Outra que dificilmente jogará a próxima Copa do Mundo Feminina da FIFA em 2027 é Tamires. A lateral-esquerda de 35 anos foi a brasileira com mais toques na bola no Mundial disputado na Austrália e Nova Zelândia (289).
Bia Zaneratto foi outra jogadora experiente que esteve presente na campanha, mas pouco pode fazer para evitar a eliminação. Em sua quarta edição de Copa do Mundo Feminina da FIFA, a atacante marcou seu primeiro gol em uma linda jogada na estreia contra o Panamá, mas aquela foi sua única bola na rede, apesar de ter terminado o torneio com o maior número de finalizações entre as brasileiras (9).
A marca da renovação brasileira foi Ary Borges, que marcou três gols logo na estreia contra o Panamá. Ela foi apenas uma de três jogadoras que marcaram um hat-trick neste Mundial, ao lado da norueguesa Sophie Haug e da francesa Kadidiatou Diani.
Ary também terminou o torneio como a brasileira com mais chances criadas (8). Cinco dessas aconteceram
na estreia, jogo em que, além dos três gols marcados, deu a assistência para o gol de Bia Zaneratto.
Kerolin foi outra jogadora da nova geração que também se destacou nos jogos da Seleção. Ela terminou a
Copa como a brasileira com mais dribles certos (8). No entanto, ela não esteve nem entre as 15 jogadoras
com mais dribles completados na fase de grupos do torneio.
A goleira Lelê também teve boa participação no Mundial, fazendo sete defesas e não sofrendo gols em dois
jogos, contra Panamá e Jamaica. Das 16 seleções que não sofreram gols em mais de um jogo na fase de
grupos, apenas três não se classificaram: Brasil, Nova Zelândia e Portugal.
Nos números coletivos, o Brasil terminou a fase de grupos como a sexta seleção com mais passes por jogo
(510). Na eliminação contra a Jamaica, a Seleção realizou 600 passes, seu maior número em um jogo nas
últimas quatro edições da Copa do Mundo Feminina da FIFA.
O Brasil também terminou com 61 finalizações, o terceiro maior número da fase de grupos. No entanto, foram apenas 20 no alvo, deixando a Seleção na 16ª colocação no ranking de precisão (33%).
Após o desempenho ruim na Copa do Mundo Feminina da FIFA, a Seleção Brasileira pode dar a volta por cima já no ano que vem. A próxima grande competição no futebol feminino é a Olimpíada de 2024, para a qual o Brasil já está classificado. A melhor performance até hoje foram duas medalhas de prata, em 2004 e 2008.