Tentativa de virada de mesa mancha a Copa do Nordeste
Uma das competições mais atraentes do calendário nacional, a Copa do Nordeste está sob ameaça de reviver dias sombrios do futebol brasileiro. Segundo o Terra apurou, isso se daria porque a CBF, a Liga do Nordeste e o Esporte Interativo, que é a emissora detentora dos direitos de transmissão da Copa, estariam trabalhando juntos para rasgar o regulamento que credencia à disputa apenas os mais bem classificados nos campeonatos estaduais. Tudo isso com a finalidade de dar vaga ao Ceará na edição de 2017. Unidas a favor da lisura da Copa, oito federações do Nordeste e vários clubes da região contestam o que classificam como um escândalo.
Em resposta à reportagem, o Esporte Interativo negou que esteja agindo para a virada de mesa. “Isso é uma ilação. Claro que uma competição com o Ceará atrai mais público, mas já transmitimos Copa do Nordeste sem Santa Cruz e outros gigantes da região. Não tem cabimento alguém dizer que somos a favor disso”, disse o diretor da emissora, Bernardo Ramalho.
O Ceará acabou em quinto no Estadual deste ano. A Copa do Nordeste reserva duas vagas ao Estado - para os dois primeiros no campeonato local. O campeão Fortaleza e o Uniclinic teriam de ser os indicados. Mas, estranhamente, o vice abriu mão da competição, no que foi seguido pelo terceiro (Guarani de Juazeiro) e o quarto (Guarany de Sobral). A alegação dos três é que não teriam condições financeiras de bancar o time na Copa.
Isso contraria a lógica. Participar da competição é o objetivo declarado de todo clube do Nordeste. Só para jogar a primeira fase, cada um recebe cerca de R$ 400 mil. Além disso, não tem nenhuma despesa com transporte e hospedagem nos deslocamentos a outras cidades.
"Está clara a virada de mesa, isso é um escândalo. É uma afronta ao torcedor, ao esporte à legislação esportiva", disse ao Terra o presidente de um dos grandes clubes do Nordeste. Ele pediu anonimato, temendo represálias da CBF.
A ideia de alçar o Ceará à Copa do Nordeste, segundo três dirigentes de prestígio nacional no País ouvidos pelo Terra, teria sido pautada por questões comerciais e políticas. A CBF abraçou a medida com outro interesse e tem trabalhado intensamente nos bastidores para que a virada de mesa se concretize. Recentemente, o Ceará se filiou à Primeira Liga, criada por clubes do Sudeste e Sul. Esse movimento sofre boicote permanente da CBF, temerosa de perder força política por causa do iminente surgimento de uma liga nacional de clubes.
O Terra tentou em vão ouvir executivos da Liga. Já a CBF, por meio de sua assessoria, informou que a indicação dos participantes é feita pelas federações estaduais e confirmou que “há um impasse sobre o segundo representante do Ceará”, atribuindo isso à desistência do Uniclinic. A reportagem também não conseguiu contato com o presidente da federação citada, Mauro Carmélio, mas apurou que na noite de ontem (dia 4), ele sustentou diante de colegas de outras federações que a indicação do Ceará já havia chegado pronta à sua mesa.