Del Nero diz que fica "até o fim" e defende mudanças na CBF
Pressionado por deputados para renunciar ao mandato de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero disse nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, que ficará até o fim de seu mandato, embora tenha vontade de sair do cargo “às vezes”. Na iminência da instalação de uma CPI no Senado para investigar a confederação, o cartola defendeu a inclusão de um código de ética no estatuto da CBF e também a criação de um Conselho de Governança.
“Renuncia quem tem alguma coisa errada na vida. Vou cumprir minha obrigação, fui eleito democraticamente. Eu tenho obrigação. Às vezes dá vontade de ir embora, tanta coisa que a gente passa. Qualquer presidente de clube no Brasil tem vontade de sair correndo todo o dia, mas ele tem obrigação com o eleitorado dele. Eu também não vou renunciar. Vou ficar lá até meu último dia de mandato”, disse, depois de ser cobrado pelos deputados João Derly (PCdoB-RS) e Altineu Cortes (PR-RJ), em audiência na Comissão do Esporte.
Primeiro signatário da CPI do Futebol na Câmara, Derly afirmou que a renúncia seria um “ato de coragem, de grandeza e de contribuição ao esporte brasileiro”. Cortes, por sua vez, lembrou que o grupo de jogadores Bom Senso Futebol Corte defende a saída do dirigente. O cartola minimizou a unanimidade da organização, afirmando ter escutado críticas em uma reunião com o sindicato que representa a classe. “Nove jogadores fizeram críticas ao Bom Senso”, disse.
Apesar de defender o ex-presidente da CBF José Maria Marin, preso na operação contra a corrupção na Fifa, Del Nero tentou afastar seu nome do escândalo de corrupção, ao lembrar que assumiu o cargo em abril. Advogado, o cartola exaltou a presunção de inocência do antecessor, a quem se referiu como “companheiro”.
“Não posso deixar de lamentar o que vem ocorrendo. São fatos graves noticiados pela imprensa, mas infelizmente atinge um grande companheiro que tive nos últimos anos. Por isso nos machuca muito”, completou.
Para se diferenciar, listou ideias que tenta colocar em prática na CBF, como o mandato de quatro anos, limitado a uma reeleição, e as conversas que vem mantendo com a TV Globo para mudar os jogos das 22h para as 21h40.