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Denúncias e inteligência artificial: como autoridades detectaram manipulação de jogos no Brasil

Autoridades envolvidas em investigação detalharam como se deu o início de todo o processo

18 mai 2023 - 07h08
(atualizado às 08h00)
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Foto: Imagem ilustrativa/Freepik

Um esquema de manipulação de jogos no futebol brasileiro, por meio de apostas esportivas, veio à tona nos últimos meses com o avanço da Operação Penalidade Máxima, chefiada pelo Ministério Público de Goiás, que investiga o caso. Durante um evento realizado nesta quarta-feira, 17, na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF), em São Paulo, algumas das autoridades envolvidas detalharam como se deu o início de todo o processo.

Procurador-Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Ronaldo Piacente contou que os eventos criminosos foram descobertos através de uma denúncia inicial vinda do presidente do Vila Nova-GO, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar.

A partir daí, membros do STJD entraram em contato com o Dr. Fernando Cesconeto, promotor do MP-GO, para ter acesso às provas e contribuir com as investigações. Segundo Ronaldo, o trabalho de "integração" realizado entre as autoridades facilitou com que a operação fosse para frente.

"Tudo se inicia com a Operação Penalidade Máxima I, graças a denúncia do presidente do Vila Nova, que vai ao Ministério Público de Goiás e, com o poder de polícia, consegue investigar, quebrar sigilo bancário e telefônico. A partir daí, eu entro em contato com o Dr. Fernando e converso com ele, falei que tive conhecimento através da imprensa, e fizemos um trabalho de integração. Isso foi o toque de caixa para que a gente pudesse, na Justiça Desportiva, conseguir as denúncias e suspensões preventivas", disse o procurador.

"O MP encaminhou todas as provas, além da denúncia. Tudo isso foi levado ao juiz de crimes organizados, que me autorizou a entrar no processo e obter todas essas provas. O Ministério encaminha tudo ao STJD e, a partir disso, nós conseguimos fazer as denúncias com base em provas", detalhou.

Simpósio sobre manipulação de jogos realizada pela FPF, em São Paulo, na última quarta-feira
Simpósio sobre manipulação de jogos realizada pela FPF, em São Paulo, na última quarta-feira
Foto: Gazeta Esportiva

Já Fábio Moraes, Diretor Executivo de Atletas e Competições da FPF, revelou que a entidade contou até mesmo com a ajuda de uma inteligência artificial para encontrar os casos de manipulação. Além disso, o profissional afirmou que o melhor meio para prevenir esta situação é através da educação, desde as categorias de base.

"Todo tipo de denúncia ou ameaça é analisado pelo Comitê de Integridade e pelo Ministério Público. Para além disso, temos uma parceria com uma empresa internacional que faz a análise, através de inteligência artificial, de possíveis apostas 'estranhas'. E então vão se levantando bandeiras. A FPF também contém uma parceria com um membro de integridade do esporte internacional. Ou seja, a gente consegue aprender com o que está tendo de novo no mundo do esporte para que consigamos aplicar aqui no Brasil", explicou Fábio.

"Agora, não adianta a gente pensar que um atleta de 28, 29 ou 30 anos está cometendo algum tipo de delito se a gente não trabalhar com a educação. Cada vez mais precisamos nos importar com atletas que estão lá embaixo, com as famílias dos garotos que estão começando a carreira, com todos os funcionários dos clubes. Com a conscientização a longo prazo, sabendo da relevância de ser uma pessoa íntegra e ética, estaremos formando uma comunidade do esporte. O principal ponto é focar na educação desde as categorias de base", concluiu.

A Operação Penalidade Máxima, comandada pelo Ministério Público de Goiás, é o novo marco no combate ao esquema de manipulação de apostas no futebol brasileiro. Segundo investigações, estima-se que, pelo menos, 13 partidas sofreram adulterações, sendo oito do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, uma da Série B de 2022 e quatro de Campeonatos Estaduais realizados em 2023: Goiano, o Gaúcho, Mato-Grossense e o Paulista.

Até o momento, nove apostadores e 15 jogadores já foram denunciados pela Justiça de Goiás, entre eles o zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos. No entanto, mais de 40 atletas são citados nas investigações. Quatro deles preferiram entrar em acordo e admitiram a culpa, tornando-se testemunhas do caso. Já alguns foram afastados pelos seus respectivos clubes, enquanto outros, como Nino Paraíba, que estava no América-MG, tiveram seus contratos rescindidos.

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