Dia do Cronista Esportivo: um legado de Mário Américo, famoso massagista da Seleção Brasileira
Nesta quinta-feira é comemorado o Dia do Cronista Esportiva. A celebração é fruto de uma luta "comprada" por Mário Américo, massagista da Seleção Brasileira e vereador de São Paulo, no final da década de 1970 e começo de 80. Ele elaborou, junto com a Comissão de Educação, Cultura e Esportes, o projeto de Lei (nº37/80) para que os jornalistas especializados em esportes pudessem ser homenageados no dia 8 de dezembro de cada ano.
A Gazeta Esportiva teve acesso, com exclusividade, ao documento, que foi apresentado para a Câmara Municipal de São Paulo de 2 de abril de 1980 e sancionado pela Prefeitura em 14 de maio do mesmo ano.
Conforme justificou Mário Américo, o dia 8 de dezembro foi escolhido por um motivo. Na mesma data, mas em 1941, foi fundada a Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos Estado de São Paulo), intitulada pelo massagista como "nobre entidade".
"Os cronistas esportivos, há mais de cinquenta anos, vêm desempenhando um papel sumamente importante na intensa vida esportiva da capital paulista. Acreditamos que se houvesse tão-somente uma mera crônica esportiva, esta metrópole seria tremendamente enfadonha; porém, a Aceesp é a própria pujança intelectual, emocional e incentivadora dos esportes na rádio, nos jornais e na televisão. Destarte, graças ao espírito público de seus jornalistas, comentaristas e locutores, conseguimos melhorar sensivelmente os padrões técnicos-esportivos de nosso País; graças à extraordinária capacidade de incentivar os esportes, em todos os seus níveis, a cidade de são Paulo adquiriu mais lazer, emoção e alegria", escreveu o relator Romeu Rossi.
"Em virtude desse amor ao trabalho, dessa aptidão de improvisar soluções em situações por vezes dificílimas; dessa espontaneidade em externar a alma nacional; dessa ajuda inestimável em prol do esporte - é que a metrópole paulistana tornou-se um dos maiores centros esportivos do mundo", completou.
Importância da Gazeta Esportiva no jornalismo esportivo
No projeto de Lei, Mário Américo destaca a importância dos jornais esportivos que começaram a apresentar o futebol para a população. Entre eles, está A Gazeta Esportiva, fundada por Cásper Líbero em 1947. O periódico, que tinha como caraterística a sua capa colorida, teve "enorme impacto sobre a opinião pública devido ao alto nível de seus colaboradores".
O documento ainda ressalta a imagem de Thomaz Mazzoni. O jornalista trabalhou na Gazeta Esportiva e foi editor do Almanaque Esportivo Olympicus.
"A crônica esportiva, solidamente estabelecida na grande imprensa, (Estado de São Paulo, Correio Paulistano, Diário Popular, A Plateia, A Gazeta e 11 Fanfulla), tinha, já em 1930, os seus grandes mestres que eram o Professor Leopoldo Santana, Thomaz Mazzoni (editor do Almanaque Esportivo Olympicus), Antônio Figueiredo (autor de uma antiga e notável "História do Futebol Paulistano' e cronista de o Estado), Vicente Ragognetti e outros", relata a Comissão.
"Cásper Líbero criou A Gazeta Esportiva que só muito tempo depois se tornaria um diário de grande circulação, mas que, desde o princípio, com sua capa colorida, teve enorme impacto sobre a opinião pública devido ao alto nível de seus colaboradores, dentre os quais desde o começo destacava-se Mazzoni", completa.
Quem foi Mário Américo?
Nascido em 28 de julho de 1912, em Monte Santo, em Minas Gerais, Mário Américo foi um dos mais famosos massagistas da Seleção Brasileira.
Ele embarcou na carreira em 1937, após se especializar no tema em 1942, na Escola Nacional de Educação Física. Ele trabalhou em diversos clubes, como Vasco e Portuguesa.
Com a Seleção, o Pombo-Correio, como foi apelidado por sua velocidade para transmitir mensagens dentro de campo, participou de sete Copas do Mundo, entre 1950 e 1974. No Mundial de 1962, aliás, Mário roubou a cena após levar a bola da decisão para casa. Ele foi cobrado pela Fifa para devolver o objeto, mas entregou uma réplica à entidade.
Já em 1976, Mário Américo entrou na política. Ele foi eleito vereador de São Paulo, cargo que ocupou até o final de 1980.
Mário Américo morreu em São Paulo, no dia 9 de abril de 1990, aos 77 anos.
O legado de Mário Américo
O ex-massagista da Seleção deixou um grande legado para a história do esporte e para o jornalismo esportivo. Não à toa, o seu neto, Mário Américo Netto, guarda com carinho a trajetória do avô na memória.
Em contato com a Gazeta Esportiva, Mário Américo Netto ressaltou a importância do Dia do Cronista Esportivo.
"A Lei teve uma grande relevância para ele. O Mário foi uma das primeiras pessoas do esporte a ser vereador e, com isso, ele conseguiu fazer algo relevante para o mundo dele, para o mundo do esporte", disse.
Mário Américo segura o neto Mário Américo Netto no colo
"Essa Lei cria um impacto bacana de valorização dos jornalistas esportivos, até para ser lembrado, juntamente coma Aceesp. Tem um impacto positivo para os profissionais desta área", completou.
O neto do ex-vereador, que tinha apenas três anos quando o avô morreu, decidiu seguir o mesmo caminho e se formou em fisioterapia, além de ter herdado o amor pela Portuguesa.
"Eu sempre mexia nas fotos dele e nos objetos que ele trouxe das Copas do Mundo. Com isso eu fui criando interesse pela história dele e pelo esporte e, assim, me formei em fisioterapia", finalizou.