Em adeus emocionado, milhares de pessoas se despedem do Rei e entoam: 'Pelé eterno'
Pelé foi sepultado nesta terça-feira, 3, no Cemitério Memorial de Santos; uma legião de fãs acompanhou o cortejo
O mundo parou para dar o último adeus a Pelé. Nesta terça-feira, 3, Edson Arantes do Nascimento foi sepultado e recebeu as últimas homenagens de fãs e torcedores de diferentes países. Saindo do Estádio Urbano Caldeira, o caixão de Pelé seguiu em um cortejo pelas ruas de Santos, no litoral de São Paulo, cidade onde o Rei do Futebol ganhou os holofotes, assim como se tornou o ídolo do futebol que o mundo conhece hoje.
Os portões fecharam por volta das 9h20 para a visitação do público. Logo depois, houve o começo da cerimônia de despedida, com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seguida, pouco antes das 10h30, o caixão foi colocado em um caminhão do Corpo de Bombeiros e foi ovacionado pela legião de fãs que estava no entorno da Vila Belmiro.
Palmas e o uníssono "mil gols, mil gols, só Pelé, só Pelé, que jogou no meu Santos" tomaram conta da Rua Tiradentes. Torcidas organizadas do Santos, time de coração do ex-jogador, estavam a postos com bandeirões pouco antes do cortejo começar.
Assim que a bandeira do Brasil foi colocada em cima do caixão de Pelé, as centenas de pessoas, que torciam para diversos times e que presenciavam o momento histórico, se emocionaram. Ali, não existia rivalidade. Crianças foram colocadas nos ombros de seus parentes, torcedores choravam e todos pareciam não se importar com o sol escaldante que queimava a pele, afinal, ninguém queria perder o início da despedida do melhor jogador que o mundo já viu.
Quem nunca ouviu falar de Pelé -o que é quase impossível - nos últimos dias conseguiu conhecer um pouco da grandiosidade do Rei do Futebol. E isso poderia ser sentido ali, no pedaço mais esportivo da cidade de Santos.
Assim que o cortejo começou, o povo voltou a cantar e gritar por Pelé. Rojões e fogos de artifício ajudaram na harmonia de parte de uma das torcidas organizadas, que usava instrumentos de percussão.
Santos parou
A cidade do coração de Pelé parou. Em diversos pontos da cidade, uma multidão parou para ver a cerimônia. O cortejo seguiu o percurso pela Avenida Bernardino de Campos, passando por várias ruas, até a Avenida Epitácio Pessoa, onde mora a mãe do Rei, Celeste.
A avenida estava paralisada e em lágrimas. Parte da família Arantes ficou na sacada de um sobrado para ver o cortejo. A irmã de Pelé Maria Lúcia Nascimento se emocionou com o carinho e o canto entoado de milhares de pessoas falando o nome do Rei e interagiu com a população, agradecendo por aquele momento.
Enquanto aguardavam a passagem do cortejo, pessoas de várias idades e torcedores de diversos times homenageavam Pelé, com camisas, bandeiras, músicas e até mesmo cachorros vestidos com roupas com a estampa do Rei. A família de Edson Arantes chegou a rezar um Pai Nosso com o apoio dos fãs.
Idosos relataram que estavam sofrendo com o calor e com a aglomeração, mas que isso não os faria desistir de dar adeus ao maior ídolo do futebol.
Com a chegada do corpo do Rei, a torcida organizada do Santos, carregando bandeiras enormes com o rosto dele, entoou o hino do time e músicas em homenagem ao ídolo, emocionando até mesmo os torcedores rivais. Um dos bombeiros que estava no veículo da corporação que conduzia o corpo de Pelé também não conseguiu segurar as lágrimas e recebeu o apoio da população.
A opinião de todos ali que gritavam o nome de Pelé era unânime: ele será eterno, e isso foi dito nos mais diferentes idiomas. E, antes de se despedir da família dele, os fãs fizeram questão de gritar que o Rei do Futebol jamais será esquecido. Emocionados, os familiares do ídolo fizeram o símbolo de um coração com as mãos para a população e se despediram.
Em seguida, o cortejo seguiu pela Avenida Vicente de Carvalho, Bernardino de Campos e Joaquim Távora até chegar ao Cemitério Memorial, onde rojões e palmas reverenciaram o Rei do Futebol. Antes do caixão ser retirado do caminhão do Corpo de Bombeiros, as bandeiras do Santos FC e do Brasil foram guardadas.
Com os soldados da Polícia Militar e dos bombeiros a postos, já descendo o caixão do veículo, um trompete tocou a marcha fúnebre e, em seguida, o hino do time do coração de Pelé.
O sepultamento no Cemitério Memorial marcou o fim da história de Edson Arantes do Nascimento; mas Pelé, como foi dito por tantas pessoas nos últimos dias, esse é eterno.