Time conta com ajuda de cantor sertanejo para ir bem no Goiano
- Márcio Leijoto
- Direto de Senador Canedo
Criado em 2005, o Canedense, time de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia, já disputou duas edições da primeira divisão do Campeonato Goiano. Caiu em 2008, mas conseguiu voltar ao conquistar a vice-liderança na segunda divisão do ano passado. Agora, para não fazer feio novamente e permanecer entre os oito melhores do Estado, o time buscou ajuda de uma pessoa de sucesso em uma área distante do esporte: a música sertaneja.
O cantor José Roberto Ferreira, 45 anos, o Marrone da dupla Bruno & Marrone, é dono dos direitos federativos de 23 dos 27 jogadores que iniciaram o Estadual deste ano no último dia 17 (empate por 1 a 1 com o Morrinhos, na estreia, e derrota por 2 a 1 para o CRAC na segunda rodada).
São profissionais novatos e alguns experientes, a maioria com passagem pelo futebol do interior de São Paulo. Para investir no time, Marrone fez parceria com um empresário mineiro, também da área musical.
Marrone se associou a um amigo dono da empresa K-10 Esportes, que agencia jogadores, para financiar o time. "Eles se conhecem há muitos anos, desde quando o Marrone começou a tocar com o Bruno. Ele queria entrar nessa área de futebol, aí, conversando com o dono da K-10, decidiram investir no Canedense", contou Gilson Garcia Costa, 41 anos, assessor da K-10 que acompanha diariamente o desenvolvimento dos jogadores em Senador Canedo.
O músico terá como retorno possíveis negociações de jogadores que se destacarem no campeonato, conforme explicou o supervisor de futebol do time, Dionísio Pereira de Melo. A intenção, inclusive, é vender alguns deles para o exterior.
"Tem muito jogador aqui que tem experiência, que já esteve em time bom e, com certeza, vai se destacar. E tem uma juventude cheia de vontade em mostrar serviço. Acho que dá para fazer um bom campeonato, ficar entre os cinco primeiros", disse Dionísio.
Antes de começar a financiar o time, Marrone teria conversado com o presidente do Conselho Deliberativo do Vila Nova, Carlos Alberto Barros, sobre o modelo implantado no rival, parecido com o que o músico pretendia fazer em Senador Canedo.
No Vila Nova, um grupo de empresários dá R$ 20 mil cada um para financiar o time e, em troca, tem direitos sobre as negociações dos jogadores.
Dionísio acompanha o time desde a fundação, há cinco anos. Em 2005, conquistou a vice-liderança da terceira divisão e subiu para a segunda. No ano seguinte, conseguiu o acesso à primeira divisão. O artilheiro Túlio Maravilha ajudou o Canedense na campanha de 2007, quando o time conseguiu permanecer na elite estadual. Na ocasião, Túlio foi o vice-artilheiro do campeonato.
Entretanto, em 2008, o Canedense ficou em último lugar, com apenas oito pontos e uma vitória e caiu à segunda divisão. Voltou no ano passado.
"O nosso problema é que a gente não pensava a longo prazo. Montava o time só para o campeonato e pronto. Aí não tinha como ir bem mesmo. Agora não. Agora a gente está pensando não só neste campeonato, mas em construir um time para ficar aí na elite", afirmou o supervisor de futebol.
Para isso, é necessário permanecer entre os 10 times da primeira divisão. O contrato com Marrone e seu sócio só vale para o Goiano deste ano. Se o Canedense se sair bem e conseguir uma vaga para a Série D do Brasileiro, o músico deve negociar os destaques do time e deixar uma base para a disputa. Se cair, a parceria acaba.
"Só temos o Estadual, por enquanto, para disputar, mas a nossa meta é estar na Série D do Brasileiro e pelo que temos visto aí, o time tem condições de chegar lá", disse Gilson Garcia Costa.
A experiência de alguns jogadores pode ajudar os novatos. O zagueiro Higo foi campeão goiano pelo Vila Nova em 2005. O meia Mateus veio do São Caetano, mas tem passagem pelo Vitória e pelo futebol português. O zagueiro Eliseu foi campeão da Série B do Brasileiro pelo Goiás em 1999.
Além deles, há outros jogadores com passagem por times grandes, como o lateral Araújo (ex-Santos) e o atacante Buiú (ex-Corinthians).
A falta de entrosamento é o principal ponto negativo. Apenas o volante Baiano jogou pela equipe em 2009. Por isso, o time vem se preparando desde o dia 26 de dezembro. Foi o primeiro time da primeira divisão a treinar. Até na virada do ano, os jogadores fizeram trabalhos técnicos.
Para trabalhar o Canedense, a empresa que se associou a Marrone contratou o técnico Ivair Rosa. Ele carrega na bagagem o fato de ter conseguido levar dois times do interior de São Paulo à primeira divisão do Paulista. Há cinco anos como treinador, é a primeira vez que participa de um Goiano.
Ninguém soube dizer se Marrone assistirá aos jogos da equipe no Estadual. A reportagem do Terra tentou localizar o músico, mas não teve sucesso. A assessoria informou que o músico se encontra em férias.
Neste domingo, às 17h (de Brasília), o Canedense visita o Trindade, no Abrão Manoel Costa, pela terceira rodada. Na sétima colocação da tabela, com apenas um ponto, a equipe busca a primeira vitória no Estadual.