De saúde a falta de entrega, entenda a derrocada de Muricy
Muricy Ramalho encerrou nesta segunda-feira sua terceira passagem como treinador do São Paulo. Na primeira vez, era um jovem auxiliar que assumiu a difícil função de substituir Telê Santana. Em 2006, já mais gabaritado, chegou para comandar a equipe no histórico tricampeonato nacional. Desta vez, entre 2013 e 2015, o treinador teve passagem mais discreta, em que o melhor resultado foi o vice brasileiro no último ano. Por que não conseguiu mais?
Nesta temporada, Muricy viu sua equipe ser incapaz de repetir o bom futebol e, depois de derrota fora de casa por 2 a 0 para o Botafogo de Ribeirão Preto, teve sua saída confirmada pelo clube. Sua demissão não é simples de se entender, e reunimos a seguir alguns dos motivos que proporcionaram a mudança no comando técnico tricolor.
Saúde
Muricy não está bem. Em 2009, o treinador foi constatado com pedras no rim e acabou hospitalizado logo após um jogo do São Paulo diante do Corinthians. Em 2011, já no Santos, o comandante teve hérnia de disco, e, em abril de 2013, ficou dez dias afastado do clube alvinegro por diverticulite. O técnico ainda deu um susto nos torcedores tricolores no ano passado, após ter arritma cardíaca, e em janeiro, quando novamente protagonizou crise de diverticulite. No domingo, Muricy chegou a dizer que "não aguentava mais", e deve fazer cirurgia na próxima semana.
Fim da entrega em campo
O Campeonato Brasileiro de 2014 teve o Cruzeiro campeão, mas o segundo turno viu um São Paulo que ameaçou tirar o título de Minas Gerais. A equipe tricolor se destacou não só pelo bom futebol, mas também pela entrega dos jogadores em campo. Entretanto, neste ano a situação mudou completamente. A torcida se irritou com jogos em que o time não corria tanto quando o desejado ou em que aceitou resultados negativos muito facilmente. De 2014 para cá, o elenco perdeu dois jogadores que eram símbolo dessa disposição: Kaká e Álvaro Pereira.
Contratações que não deram certo
Saíram Kaká e Álvaro Pereira, mas os reforços que chegaram até agora não trouxeram o resultado imaginado. Nas laterais, Bruno e Carlinhos falharam tanto na frente como na defesa, e perderam a posição para Hudson e Reinaldo, respectivamente. Thiago Mendes e Dória pouco jogaram, enquanto Centurión é o que vem mais participando do time titular.
Fracasso em grandes jogos
O início de ano do São Paulo exigia bons resultados em duas frentes: a primeira fase da Copa Libertadores e os clássicos no Campeonato Paulista. Em ambos os casos, o desempenho foi fraco. Na competição continental, houve derrotas para Corinthians e San Lorenzo fora de casa, mas as vitórias sobre a equipe argentina e o Danubio no Morumbi mantêm o time tricolor com boas chances de avançar. No Estadual, ocorreram derrotas para Corinthians e Palmeiras, além de empate sem gols com o Santos em que Rogério Ceni foi o destaque.
Queda de Ganso
Um dos destaques do São Paulo no Brasileiro de 2014, Paulo Henrique Ganso não é nem sombra do jogador do último ano. O camisa 10 participa pouco do jogo e contribui menos com gols e assistências. O meia chegou até a ficar fora de algumas partidas enquanto isso.
Guerra política
Desde que Carlos Miguel Aidar assumiu o clube, o clima interno não é dos mais amistosos. Principalmente com a antiga administração, que era capitaneada por Juvenal Juvêncio. Muricy tentou evitar deixar que a confusão chegasse ao elenco, mas ouviu cobranças duras do presidente e do vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro.