Federações estaduais pressionam CBF contra criação de liga
Entidades não querem que se avalize o movimento dos clubes da Série A
A iniciativa dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro de formar uma liga independente, o que veio a público nessa terça-feira (15), com a aparente anuência de setores da CBF, levou as federações estaduais de futebol a reagir. Essas entidades passaram a pressionar a confederação para que não avalize a criação da liga.
Para esta quarta, as federações marcaram uma reunião online com o presidente interino da CBF, coronel Antônio Nunes. Vão exigir do dirigente que tenha posição firme sobre o assunto.
“Temos que ir lá na sede, ocupar lá e não desgarrar do Nunes”, escreveu um dos presidentes dessas entidades aos demais, num grupo que eles mantêm no whatsapp, conforme atestou o Terra.
Pelo estatuto da CBF, no Artigo 12, a confederação detém a exclusividade na organização de competições nacionais.
Mas só as federações, pelo Artigo 24, em uma Assembleia Geral Administrativa, podem alterar o estatuto e permitir assim que a liga funcione. Os presidentes de federações, no entanto, querem que a CBF se posicione a favor deles para que não fiquem com o ônus de vetar a nova tentativa dos clubes de assumir o Campeonato Brasileiro.
Caso a nova entidade seja formalizada, eles perderiam prestígio, poder e provavelmente recursos que lhes são destinados mensalmente pela CBF – cerca de R$ 120 mil, para gastos da própria federação com “o fomento do futebol nos estados”.
Na tarde dessa terça-feira, os 20 clubes da Série A entregaram documento à CBF na qual detalham a eventual criação da liga, que seria a responsável pela organização do Brasileiro já a partir de 2022, assumindo arbitragem, VAR, tabela e a negociação dos direitos da competição.
Os clubes também querem equiparar o poder de voto com as federações nas assembleias gerais eleitorais, que se reúnem para eleger presidente e vices da CBF. Hoje, as entidades estaduais têm voto peso 3, os clubes da Série A têm peso 2, e os 20 da Série B, peso 1. Ou seja, mesmo que os 40 clubes das duas divisões se unam, eles teriam no máximo 60 votos. Já as 27 federações, juntam, somam 81 votos.
Também neste caso, a mudança dessa concentração de poder nas mãos das federações estaduais só se concretizaria em uma Assembleia Geral Administrativa, da qual participam as 27 federações, sem a presença dos clubes. Logo, somente elas teriam o poder de tirar o poder de si próprias.