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Fifa descarta punir Indonésia por tragédia que matou 131 pessoas em estádio de futebol

Federação não tem autoridade para orientar os governos locais e a polícia sobre como controlar as multidões em ligas nacionais

8 out 2022 - 02h02
(atualizado às 11h41)
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jogo indonésia
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Foto: Reprodução/Twitter

A Fifa descartou punir a Indonésia sobre a tragédia que causou a morte de 131 pessoas, incluindo 17 crianças, após o tumulto no Estádio Kanjuhuran, na cidade de Malang, no sábado passado, 1°. A informação foi divulgada pelo presidente Joko Widodo, que afirmou ter recebido uma carta do presidente da Fifa, Gianni Infantino, explicando a possível colaboração entre o país e a entidade que tutela o futebol. O responsável pela federação ainda indicou que a Indonésia continua a ser sede do Copa do Mundo Sub-20 do próximo ano, que terá a participação de 24 nações.

"Com base na carta, graças a Deus, o futebol indonésio não será sancionado pela Fifa", disse Widodo em um vídeo postado na noite de sexta-feira no canal presidencial do YouTube. Em seus protocolos de segurança, a Fifa se manifesta contra o uso de gás lacrimogêneo dentro ou ao redor dos estádios e recomenda que os portões de saída não sejam totalmente fechados durante as partidas. Embora essas regras sejam consideradas uma referência de segurança, elas não se aplicam a ligas internas ou nacionais, e a Fifa não tem autoridade para orientar os governos locais e a polícia sobre como controlar as multidões.

O campeonato local foi suspenso na semana passada. Widodo ordenou que o ministro do Esporte, o chefe da polícia nacional e a federação de futebol realizassem uma investigação completa sobre os tumultos que resultaram nas mortes. Nesta sexta-feira, ele disse que o governo indonésio concordou em tomar medidas em colaboração com a Fifa e a Confederação Asiática de Futebol para melhorar a segurança do estádio e evitar outra tragédia. "A Fifa, juntamente com o governo, criará um grupo de transformação para o futebol indonésio", disse Widodo, acrescentando que Infantino também visitará a Indonésia em breve.

Ele ainda destacou que a Fifa permanecerá na Indonésia durante esse processo para melhorar a segurança em todos os estádios do país, formular procedimentos e protocolos de segurança, examinar as opiniões de times de futebol e torcedores na Indonésia, regular o cronograma da temporada, abordar considerações de risco e obter recomendações de especialistas.

Tragédia

A confusão aconteceu no duelo entre Arema FC e Persebaya Surabaya, válido pelo Campeonato Indonésio. Após a derrota por 3 a 2, os torcedores do Arema desceram ao gramado, provocando confrontos com a polícia, que respondeu com cassetetes e gás lacrimogêneo, causando a debandada de milhares de pessoas. Entre os 131 mortos estão 32 menores, com idade entre 4 e 17 anos. Outras 460 pessoas ficaram feridas. Não havia torcida rival no estádio.

O chefe de política Listyo Sigit Prabowo explicou que a maioria das vítimas morreu por asfixia e fraturas ao tentarem escapar por alguns dos portões, que estavam apenas 1,5 metro abertos, o que provocou uma grande aglomeração. Prabowo também indicou que houve falhas na segurança do estádio que não foram resolvidas desde 2020 e que o estádio não tinha o certificado de operação correto. Ele acrescentou ainda que as acusações criminais serão apresentadas contra seis pessoas, incluindo três policiais.

A associação nacional de futebol da Indonésia, conhecida localmente como PSSI, teve dificuldade em controlar as partidas em nível nacional. Garantir a realização da Copa do Mundo Sub-20 do próximo ano - um marco no desenvolvimento do futebol na Indonésia - aumentou as esperanças de um torneio de sucesso que marcaria uma reviravolta diante dos problemas persistentes que ofuscaram o futebol nesta nação de mais de 277 mil habitantes. No entanto, as constantes mortes são um lembrete trágico de que a Indonésia é um dos países mais perigosos para assistir a um jogo.

Estadão
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