Fifa lamenta suspensão do clássico e promete resposta
Clássico foi interrompido nos primeiros minutos quando agentes da Anvisa foram a campo após detectarem violações em regras sanitárias
Autoridades disciplinares da Fifa vão examinar o que ocorreu para a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina, neste domingo, na Neo Química Arena, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, para "tomar uma decisão" sobre o caso. Eles lamentaram o episódio nesta segunda-feira e prometem uma resposta.
"A Fifa lamenta as cenas que antecederam a suspensão da partida entre Brasil e Argentina, que impediu milhões de torcedores de assistir a uma partida entre duas das mais importantes nações do futebol mundial", disse o órgão, em nota oficial.
A entidade ainda revelou que já está estudando todo o ocorrido para tomar uma medida que não prejudique os envolvidos. "Já foram enviados os primeiros relatórios oficiais à Fifa. Estas informações serão analisadas pelos órgãos disciplinares competentes e uma decisão será tomada no seu devido tempo", acrescentou.
O clássico acabou suspenso com somente cinco minutos de bola rolando em São Paulo por causa de intervenção da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que detectou violação do protocolo de combate à covid-19 por quatro jogadores argentinos: Martínez, Romero, Lo Celso e Buendía jogam na Inglaterra e teriam de passar 14 dias em isolamento.
Os quatro argentinos jogam por Aston Villa ou Tottenham, na Premier League, e foram acusados de terem violado o protocolo anticovid ao entrar no País dizendo não terem passado por Inglaterra, Índia ou África do Sul nos últimos 14 dias. Preencheram a documentação para entrada no Brasil excluindo a informação, posteriormente confirmada em análise de seus passaportes.
A Anvisa sugeriu a deportação dos jogadores e pediu ajuda à Polícia Federal. Na Neo Química Arena, após visitas sem sucesso ao treino e ao hotel, o órgão informou a situação ao árbitro, que cancelou a partida. Os argentinos não aceitaram trocar os jogadores, deixaram a partida e já retornaram a seu país. Sentindo-se lesados, vão cobrar os três pontos do clássico. Mas a Fifa não deve acatar e, possivelmente, uma nova data será definida para a continuação do jogo.
O futuro, entretanto, ainda é incerto. O regulamento da Fifa não diz exatamente como proceder em casos como esse, permitindo interpretações variadas sobre os próximos passos que definirão a retomada do jogo ou punições às seleções envolvidas.
No regulamento geral, que dá conta da organização das Eliminatórias e da Copa do Mundo, o item 5 do capítulo "Disposições gerais" prevê situações de abandono da competição por seleções, além de partidas não jogadas ou abandonadas. No caso, o jogo da seleção brasileira se enquadra no item de partidas abandonadas.
Sobre o tema, o regulamento versa que pode haver punições às associações pelo Comitê Disciplinar da entidade máxima do futebol. Há um porém, em que se especifica a possibilidade de reconhecimento de "motivo de força maior". Nesse cenário, também cabe à Fifa o entendimento sobre o que é um motivo de força maior e determinar que a partida seja jogada novamente, por exemplo. Caso a Fifa se movimente nesse sentido, é de responsabilidade da entidade solucionar o problema, "decidindo a seu exclusivo critério e tomar as medidas necessárias".
Se reiniciado, o jogo deverá retomar toda a sua conjuntura do momento da interrupção, incluindo atletas em campo e no banco de reservas, minutos jogados e punições eventualmente já recebidas. Assim, entende-se que os jogadores impedidos de atuar poderiam ser substituídos, mas sem reposição no banco de reservas.