Filho de Eliza Samudio, morta pelo goleiro Bruno, inicia carreira no gol do sub-13 do Athletico-PR
Jogador foi condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato da mãe do jovem; na Justiça, atleta exige exame de DNA para reconhecer paternidade
Bruno Samudio de Souza, de 13 anos, filho de Eliza Samudio, iniciará sua carreira no sub-13 do Athletico-PR nesta semana. O jovem atua no gol, mesma posição na qual se destacou Bruno Fernandes, ex-Flamengo e Atlético-MG, condenado pelo assassinato da mãe do garoto. Bruninho, como é conhecido, foi inscrito pelo clube para a disputa do Sulbrasileiro BG Prime, que reúne equipes da região Sul do País.
A página oficial da competição conta com a foto de Bruninho, com o uniforme do Athletico. A estreia acontece neste sábado, diante do Novo Hamburgo. O jovem fez diversos testes antes de ser aprovado no clube e se mudar, em definitivo, para Curitiba no início deste ano. Bruninho mora com a sua avó, Sônia Moura, desde a morte de sua mãe, em 2010, quando ainda tinha poucos meses de vida.
O ex-goleiro Bruno foi condenado, em 2013, a 22 anos e três meses de prisão por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio. Um ano antes, ele reconheceu, na Justiça, a paternidade de Bruninho, mas a defesa do jogador entrou com uma ação para anular a decisão, com base no fato de não existir um exame de DNA.
Em janeiro deste ano, o goleiro pediu a realização de um exame de DNA após a Justiça determinar indenização de R$ 650 mil a seu filho. "Ele não pode falar que é meu filho se não tiver exame de DNA. Se não tem um exame, existe a dúvida. Já pedi na Justiça", afirmou Bruno, em entrevista ao "Conexão Repórter", do SBT, em 2020. Um ano antes, reportagem do UOL revelou que a criança desejava trocar seu nome para não ter relação com o ex-jogador.
Em meio a essas questões judiciais, Bruninho inicia sua carreira como goleiro com atenções voltadas para si. O BG Prime, que organiza a competição, afirma, ao Estadão, que tomará todos os cuidados necessários para preservar a imagem e integridade do garoto. "Ele (Bruninho) é jogador do Athletico, uma equipe que respeitamos muito, e será tratado como todos os atletas de sua idade. Em todos os jogos, temos a segurança necessária para realização da partida", diz.
"Desejamos que ele tenha sucesso na sua caminhada pela competição. Ele tem o direito de ter uma vida em paz, pois tudo já foi muito difícil e dolorido para ele", afirma. A competição conta com filhos de outros ex-jogadores no elenco dos clubes. "Procuramos não colocar peso sobre os mesmos. São crianças e desejamos que sejam felizes, independentemente do futuro no futebol."
A reportagem do Estadão entrou em contato com o Athletico-PR, acerca dos cuidados que serão tomados para preservar a imagem do garoto, mas ainda não obteve resposta. Caso o clube se pronuncie, a matéria será atualizada.