Mercado da América do Sul abastece o futebol feminino do Brasil com reforços
Equipes brasileiras estão contratando cada vez mais jogadoras estrangeiras para fazer parte do elenco
Há um bom tempo que o futebol brasileiro investe pesado em mão de obra estrangeira e hoje é difícil encontrar uma equipe que não tenha um gringo em seu elenco. A moda agora também chegou ao futebol feminino, em constante crescimento no País. As portas estão abertas para a chegada de mão de obra argentina, paraguaia, uruguaia, colombiana... Serão três divisões nacionais em 2022, com 16 equipes nas Séries A e B e mais 32 na C.
Campeão da tríplice coroa em 2021, ao erguer as taças do Campeonato Paulista, do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores, o Corinthians já contou com a boa ajuda de sua reforço internacional na conquista da Supercopa do Brasil, na qual bateu o Grêmio, por 1 a 0 na decisão.
A colombiana Liana Salazar enfrentou o Corinthians pelo Santa Fe na decisão da Libertadores e agradou o técnico Arthur Elias, que indicou sua contratação. Ela já chegou jogando no meio-campo corintiano. Fez, inclusive, um gol diante do Real Brasília na semifinal da Supercopa. "Muito feliz por fazer parte desta família. Temos uma torcida muito bonita, muito grande, que apoia a equipe em todos os lugares onde ela vai e espero retribuir todo esse amor em campo e conquistando títulos", diz Lia, como é chamada no clube e que recebe o carinho das arquibancadas.
O Palmeiras tem em seu elenco a argentina Agustina, contratada em 2020 e eleita a melhor zagueira do Brasileirão de 2021. A jogadora se destaca pela raça e força na marcação, que fizeram o clube renovar seu contrato no fim do ano.
Outra jogadora argentina no futebol brasileiro acaba de desembarcar nas Sereias da Vila. Eliana Stabile, a La Zurda, é considerada uma das melhores laterais-esquerdas da América do Sul, brilhando no Boca Juniors e no River Plate, além da seleção. Ela é um dos 10 reforços do Santos, que busca retomar o protagonismo no futebol feminino.
"Estou muito feliz de poder estar em um clube tão grande, com tanta história. Quero dar esse salto de qualidade aqui, poder ajudar, render e cumprir os objetivos", afirmou a reforço do Santos. "Vou dar o meu máximo, esta camiseta exige muito de você e como atleta darei meu melhor. Vou trabalhar muito duro para que as coisas saiam bem, que eu continue sendo chamada para a seleção e que eu possa ajudar o Santos."
Sempre entre as melhores do Brasil nos últimos anos, a Ferroviária também engrossou as estatísticas de contratações de fora. A equipe acertou com a atacante peruana Guarecuco. "Para mim, é uma honra jogar na melhor liga da América do Sul, que é o Brasil. É um orgulho vestir a camisa de uma equipe tão grande como a Ferroviária. Os torcedores pode esperar muita entrega, demonstrarei todas as minhas capacidades e darei tudo de mim pela equipe e pela torcida", afirma a atacante.
Além dela, as Guerreiras Grenás ainda terão Fany Gauto para seu meio-campo. A paraguaia é outra vice-campeã da América com o Santa Fe. O Brasil foi o destino de boa parte das jogadoras superadas por 2 a 0 na decisão da Libertadores. Duas foram parar no Sul: a zagueira Mónica Ramos e a volante Jessica Peña, ambas colombianas, defenderão o Grêmio no Brasileirão.
O São José conta com a zagueira paraguaia Verónica Riveros, da seleção, que chegou no segundo semestre para dar mais experiência ao grupo na Série A do Brasileirão. Promovido à elite nacional, o Atlético-MG terá as meias uruguaias Karol Bermúdez e Luciana Gómez, ambas contratadas do Nacional-URU no começo do ano.
O Internacional ainda não tem estrangeiras no elenco nesta temporada, mas Cláudio Curra, diretor de futebol feminino do time gaúcho, está vasculhando o mercado internacional por novas ótimas opções de reforços para brigar pelo título no Brasileirão.
"O futebol feminino vem crescendo em todos os lugares, e na América do Sul não é diferente. Vemos o mercado latino como uma ótima oportunidade de conseguir atletas de qualidade. Na temporada passada, as Gurias contaram com Ximena Velazco, volante da seleção uruguaia e ex-Peñarol, diversas vezes campeã em seu país, além de Wendy Carballo, atacante jovem que também estava no Uruguai e foi a primeira campeã estrangeira na retomada do futebol feminino do Rio Grande do Sul, quando conquistou o Gauchão de 2021 conosco", afirmou o dirigente.
"Outros times estão caminhando para negociações com atletas de outros países. Times como San Lorenzo e América de Cali vem despontando como os principais adversários das brasileiras na Libertadores e boas atletas podem surgir destes campeonatos, ajudando ainda mais na evolução da categoria aqui no nosso país", acrescentou.