Incidente em jogo do Boca Juniors, na Argentina, provoca afastamento do chefe de polícia
De acordo com as autoridades argentinas, polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar a confusão
Um dia após os trágicos acontecimentos ocorridos no jogo entre Gimnasia La Plata e Boca Juniors, pelo Campeonato Argentino, o governo de Buenos Aires anunciou nesta sexta-feira, por meio de um comunicado, o afastamento de Juan Gorborán, chefe de segurança responsável pela operação.
Na última quinta-feira, de acordo com as autoridades argentinas, torcedores do Gimnasia estavam tentando forçar a entrada no estádio, que já estava lotado, e a polícia usou balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar a confusão.
"É inadmissível que milhares de pessoas passem por aquela experiência da noite passada. Temos ainda a lamentar o fato de Cesar Regueiro ter perdido a vida", disse o governo por meio de nota.
Na Argentina, a polícia de cada distrito é responsável pela operação de segurança dos jogos de futebol e os clubes devem pagar uma taxa adicional aos membros da força participantes.
As autoridades locais estudam uma suposta "super venda" de ingressos por conta da expectativa gerada pelo encontro entre as duas equipes, que lutam pelo título. Isso pode ter causado a aglomeração de torcedores que, mesmo com os bilhetes adquiridos, ficaram do lado de fora. Revoltados, eles teriam tentado forçar a entrada no estádio.
"Enquanto a justiça investiga se as condições de entrada no estádio podem ter sido provocadas por uma venda excessiva de ingressos, é evidente que a operação realizada não foi capaz de dar segurança a quem compareceu ao estádio," reconheceu o governo de Buenos Aires.
A Conmebol também se manifestou sobre o incidente por meio de nota. A entidade que comanda o futebol na América do Sul enviou as suas condolências à família do torcedor morto e reforçou o "compromisso com o futebol livre de qualquer forma de violência.
GIMNASIA SE MANIFESTA
A diretoria do Gimnasia Y Esgrima quebrou o silêncio nesta sexta-feira à noite sobre o confronto entre seus torcedores e policiais argentinos na quinta-feira, em La Plata. O clube repudiou as ações da polícia e cobrou as autoridades locais para que seja considerado uma vítima no caso.
"A diretoria do clube Gimnasia y Esgrima La Plata reitera seu absoluto repúdio à ação excessiva, desenvolvida pela Polícia da Província de Buenos Aires durante e após a suspensão do jogo com o clube Boca Juniors", iniciou a nota do clube.
"Por consequência, solicitamos que nos seja concedido o papel de indivíduo afetado e vítima em face dos infelizes eventos ocorridos (cf. art. 77, 83 seguintes e concordantes do Código de Processo Penal da Província de Buenos Aires) com o único propósito de salvaguardar e proteger os interesses de nosso clube e nossos associados", cobrou o clube, tremendo punições.
"Exigiremos que os eventos ocorridos nas proximidades de nosso estádio e os responsáveis sejam investigados e esclarecidos, até suas últimas consequências. Nossa instituição fornece a toda a família Regueiro, massa corporativa, vítimas e demais familiares, apoio interdisciplinar e/ou assessoria (médica, jurídica, social, psicológica) para tudo que julgar necessário."