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Injúria racial contra garoto de 11 anos em torneio vira caso de polícia em Goiás

Acusado de ter dito 'Fecha o preto', treinador de time é suspenso das atividades até que a situação seja apurada

18 dez 2020 - 18h17
(atualizado às 19h05)
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Uma polêmica sobre racismo em um torneio de futebol para crianças virou caso de polícia em Goiás. Nesta semana se tornou popular na internet o vídeo do garoto Luiz Eduardo Bertoldo Santiago, de 11 anos, da Uberlândia Academy, que disse ter ouvido a frase "Fecha o preto aí" durante uma partida em Caldas Novas pelo torneio Caldas Cup. Após a abertura do Boletim de Ocorrência sobre o caso, os organizadores da competição decidiram suspender o técnico do time adversário acusado de ser o autor da injúria.

O vídeo gravado depois da partida mostra Luiz Eduardo chorando enquanto reclama do que ouviu dentro de campo na partida contra o Instituto S.E.T. pela categoria sub-11. "O cara falava assim 'Fecha o preto aí, ó!'. Aí eu aguardei para falar no final com os pais. Falou um tantão de vezes", disse o menino. A partida valia pela Caldas Cup, torneio infantil de escolinhas de futebol.

Luiz Eduardo, de 11 anos, alega ter sido alvo de racismo
Luiz Eduardo, de 11 anos, alega ter sido alvo de racismo
Foto: Reprodução/Instagram / Estadão

O perfil da rede social da Uberlândia Academy divulgou o vídeo nesta quinta-feira, acompanhado do relato de que acionou a Polícia Militar e registrou Boletim de Ocorrência. "De antemão manifestamos que iremos até às últimas instâncias em defesa de nosso aluno e contra mais um ato deplorável que mancha a imagem do futebol", escreveu o time.

Segundo a publicação, o garoto saiu de campo chorando após o time ter vencido por 3 a 1 e relatou a adultos o que havia se passad. "Luiz Eduardo Bertoldo Santiago saiu de campo depois de mais uma vitória e, imediatamente começou a chorar. Preocupados com a situação, alguns pais foram conversar com ele. Em prantos, Luiz Eduardo disse aos pais que o técnico da equipe adversária se dirigiu a ele com palavras de cunho racista", relata o texto.

Nesta sexta, o técnico acusado gravou um vídeo para se explicar. Lásaro Caiana nega as acusações. "Como vou ofender um outro irmão de cor? Isso é impensável", afirmou. Ele conta que foi surpreendido pelo envolvimento do seu nome no caso. De acordo com o treinador, após a partida ele foi questionado se sabia quem havia sido o autor da frase e nesse momento houve uma discussão.

"Quem foi injuriado racialmente foi a minha pessoa pelo presidente do clube, Adriano dos Santos, vulgo Adriano Futsal, que me ameaçou de morte e me chamou de 'preto safado'. Na delegacia foi tudo resolvido de forma pacífica. E eles postaram esse vídeo pra denegrir minha imagem e do meu clube", disse Caiana. "Ninguém tem prova de quem ofendeu, ninguém filmou nada, ninguém ouviu e sabe dizer quem foi", comentou.

Também nesta sexta foi a vez de o próprio torneio se manifestar. A página oficial da Caldas Cup comunicou que Caiana foi suspenso do torneio até que o caso seja esclarecido pela polícia. "A organização estará sempre presente para que os fatos sejam apurados pelas autoridades competentes para que a diferença de cor seja só na camisa", diz o texto.

Estadão
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