Copa América de 1989: enfim, a redenção brasileira
Em comemoração aos 75 anos da CBF, o Brasil sediou a 36ª edição da Copa América. Todas as dez seleções da Conmebol participaram. Este foi um período complicado para a Seleção, o último título havia sido a Copa do Mundo de 1970. Se contar apenas título continental, a distância era ainda maior: 40 anos da última conquista sul-americana. Fazia tanto tempo que naquela ocasião o torneio ainda era chamado de Campeonato Sul-Americano. Empurrados por uma quantidade histórica de torcedores, os atletas verde-amarelos trouxeram uma vingança que demorou 39 anos para se concretizar.
A primeira fase do time pouco empolgou, mas o Brasil conseguiu engatar uma boa sequência na etapa seguinte e chegou à última rodada com chance de título. Porém, às vezes o futebol prega coincidências que parecem até intencionais. A partida decisiva era contra o Uruguai, no Maracanã e justamente no dia 16 de julho. Data do aniversário de 39 anos do Maracanazo, episódio traumático que levou esse nome após o Brasil perder a Copa do Mundo para o Uruguai na final e dentro do mesmo Maracanã.
Segundo matéria da Gazeta Esportiva de 15 de julho de 1989, quando definido o cenário para a última e decisiva partida da última fase, os jornalistas uruguaios já começavam a criar o clima de rivalidade. Nem mesmo deixaram o ex-goleiro Barbosa esquecer do que havia acontecido em 1950. Faziam entrevistas aos montes com o goleiro daquela final mundial.
Mas os jornalistas brasileiros também respondiam a provocação dos uruguaios ao lembrarem de quando o Brasil eliminou o Uruguai nas semifinais da Copa do Mundo de 1970, como mostra a matéria "A vingança de 1970" da Gazeta Esportiva de 16 de julho de 1989.
Os torcedores brasileiros, que não tinham nada a ver com isso, queriam mais era gritar campeão. E fizeram a parte deles ao lotarem o Maracanã com mais de 130 mil torcedores, o maior público registrado na história da Copa América. Embalados pela atmosfera no estádio, a Seleção Brasileira foi para cima, mas encontrava um Uruguai firme e batalhador. Até que aos quatro minutos da segunda etapa, Mazinho cruzou a bola e achou a cabeça de um baixinho de 1 metro e 67. Romário fez o gol da redenção brasileira e do quarto título continental.