Presidente do Barcelona rebate Josep Maria Bartomeu
Um dos pontos abordados foi o suposto "perdão financeiro" de 16,7 milhões de euros (R$ 103,3 milhões na cotação atual) ao brasileiro Neymar
Em um momento conturbado por conta da saída do craque argentino Lionel Messi para o Paris Saint-Germain, o presidente do Barcelona, Joan Laporta, concedeu uma entrevista coletiva nesta segunda-feira para falar sobre o momento do clube e também aproveitou para rebater a carta escrita pelo ex-mandatário Josep Maria Bartomeu, em que critica a atual gestão. Um dos pontos abordados foi o suposto "perdão financeiro" de 16,7 milhões de euros (R$ 103,3 milhões na cotação atual) ao brasileiro Neymar após briga judicial, que ele deixou claro não passar de uma mentira.
"Ele diz que perdoamos Neymar em 16,7 milhões de euros. Outra mentira. Não é verdade. Lembrava-lhe dos estragos que o caso Neymar fez à imagem e à economia. Foram muitas mentiras. A diretoria de Bartomeu fez uma pacto vergonhoso e interessado na acusação em que o Barça foi condenado pela primeira vez na história por dois crimes fiscais. Em troca, o Sr. Bartomeu e (Sandro) Rosell foram inocentados de responsabilidade criminal e o Barça pagou uma multa de 5,5 milhões de euros (R$ 34 milhões)", contou Laporta.
"Tivemos três ações trabalhistas judiciais com Neymar. Há uma quarta ação judicial que quando Neymar pede a indenização, o Barça impõe uma ação cível no valor de 10,2 milhões de euros (R$ 63,1 milhões) e Neymar ganha a declinação, e esta ação tem que ir para a jurisdição do trabalho onde foi prescrito por falta de ação de a direção de Bartomeu, pelo que estes 10,2 milhões não puderam ser reclamados. Não perdoamos a Neymar os 16 milhões de euros", prosseguiu.
No final do mês passado, o Barcelona anunciou ter chegado a um acordo "amistoso" com o brasileiro na Justiça espanhola, por questões trabalhistas e civis, encerrando assim todos os quatro processos movidos entre as partes nas esferas judiciais. E, na carta, Bartomeu afirma que, para isso ser possível, atual gestão de Laporta teria perdoado o atacante, atualmente no Paris Saint-Germain, com o montante considerável.
Ainda em relação ao brasileiro, Laporta ainda citou a "desastrosa" política esportiva do clube sob o comando de Bartomeu, que gastou de forma desproporcional os 222 milhões de euros (R$ 819 milhões na cotação da época) pagos pelo Paris Saint-Germain para contratar Neymar, em 2017.
"O sétimo ponto da carta refere-se ao fato de que os salários dispararam porque não puderam competir com os clubes e com a Premier League (Campeonato Inglês). O certo é que a política esportiva tem sido desastrosa. Desde que Neymar foi vendido por 222 milhões de euros, eles gastaram desproporcionalmente e na velocidade da luz. Isso desencadeia salários e amortizações. E aí estamos nós. A prova é que o esporte não nos fez bem. Eles tinham que mudar o modelo e acreditar em La Masia (local onde treinam as categorias de base)", finalizou.
Durante este período, e sob a gestão de Bartomeu, o clube catalão fez contratações de cifras elevadas e trouxe jogadores como os franceses Ousmane Dembélé e Antoine Griezmann e ainda o meia brasileiro Philippe Coutinho, que apesar do alto investimento ainda não corresponderam às expectativas e só aumentaram a dívida do Barcelona.
DÍVIDA - Laporta, que assumiu o clube em março deste ano, resolveu detalhar a situação econômica do clube nesta segunda-feira, destacando que o Barcelona chegou a ter dívida total de 1,3 bilhão de euros (R$ 8 bilhões).
"Eles (gestão passada) apresentaram um orçamento com hipóteses difíceis de cumprir. Várias delas não foram cumpridas. E portanto o orçamento deu menos de 320 milhões de euros para a temporada 2020-2021. Provoca uma situação econômica e patrimonial preocupante e situação financeira dramática. Em 21 de março de 2021, a dívida era de 1,35 bilhão de euros", relatou
Laporta disse que, assim que assumiu o clube, pediu um empréstimo de 80 milhões de euros a um grande banco para poder arcar com a folha de pagamento do clube. E que sua gestão iniciou um processo para tentar baixar juros de outros empréstimos, além de interromper "pagamentos desproporcionais" a intermediários por transferências - citando que uma pessoa recebeu 8 milhões de euros para encontrar jogadores na América do Sul.
O mandatário destacou que a política salarial que vinha sendo adotada no Barcelona levou à situação atual, indicando que os vencimentos hoje ocupam 103% do faturamento do clube. "Também encontramos um contexto de uma política esportiva errônea que causa danos à entidade. É uma pirâmide invertida, na qual os veteranos têm contratos longos e os jovens têm contratos curtos. E é difícil renegociar contratos. Essas reduções salariais que os gestores anteriores se vangloriaram, uma redução de 68 milhões, mas na realidade não é redução porque a encontramos na forma de bônus de rescisão de contrato", finalizou.