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Paris Saint-Germain

Talento brasileiro ajudou a 'moldar' o forte PSG ao longo dos anos

Ajudado por uma legião de craques como Raí e Ronaldinho Gaúcho, 'time de bairro' cresceu

23 ago 2020 - 05h10
(atualizado às 05h10)
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Um clube criado nos subúrbios de Paris há 50 anos com a intenção de dar à capital francesa um time competitivo pode, hoje a partir das 16h (horário de Brasília), ganhar a Liga dos Campeões da Europa. O Paris Saint-Germain joga em Lisboa na final contra o Bayern de Munique, da Alemanha, reforçado pelos dois componentes que transformaram a sua história: o talento dos jogadores brasileiros e o aporte do fundo de investimentos do Catar iniciado em 2011.

Neymar, Marquinhos e Thiago Silva representam atualmente a longa tradição brasileira no PSG. O primeiro a desembarcar na capital francesa foi o zagueiro Joel Camargo, em 1971. Pouco depois de participar da campanha da Copa de 1970, o ex-santista representou a proposta dos dirigentes de buscar no Brasil a competência para se levar adiante um projeto que naquela época era bem modesto.

Até 1970 o único representante de Paris na elite do futebol local era o pequeno Red Star, time fundado por Jules Rimet, o criador da Copa do Mundo. Dirigentes locais contaram com a ajuda de doações para fundir duas equipes: Paris FC e Stade Saint-Germain. A base do novo clube permanece até hoje no bairro de Saint-Germain-en-Laye, onde fica o centro de treinamento Camp des Loges.

Quem testemunhou o começo da história do PSG foi Abel Braga. Ainda como zagueiro, reforçou o time em 1979 e ficou por dois anos. "Fazia falta para Paris ter um grande time. Existia muita torcida, mas não tinha essa paixão na época, até porque vinha de uma fusão", contou ao Estadão. A grande potência francesa da época era o Saint-Étienne, de Michel Platini. "O PSG tinha como objetivo só se manter no meio da tabela. Era um clube jovem, ainda em busca de caracterização. Só depois de um tempo começou a crescer", acrescentou Abel.

A grande virada do PSG veio na década de 1990, graças a outros brasileiros. Raí, Valdo, Leonardo e Ricardo Gomes fizeram parte de uma geração vencedora e capaz de fixar a relação entre o Brasil e o clube. Dos nove títulos nacionais da equipe, apenas na primeira conquista, em 1986, não havia brasileiros no elenco. "A chegada de vários brasileiros nos 1990 fez o clube mudar totalmente. Nós conquistamos títulos e o PSG se tornou uma potência", lembra Ricardo Gomes.

Outro a ter participado da história do PSG é o ex-meia Valdo. "Eu cheguei ao Paris em 1991 e era como um clube do interior em termos de ambiente. Hoje que é uma febre mundial. A nossa geração deixou a porta ainda mais aberta para os brasileiros. Mas quem revolucionou mesmo foi o 'extraterrestre' Ronaldinho Gaúcho. O talento dele mostrou que o PSG tinha de ser a casa do Brasil", comentou.

Ronaldinho defendeu o clube entre 2001 e 2003. Neste século, Nenê, Aloísio, Lucas Moura, Thiago Motta e Daniel Alves foram alguns dos brasileiros com passagens pelo PSG. Mais recentemente, em 2011, os investidores do Catar assumiram o controle e fizeram várias contratações de peso para conseguir uma nova revolução, mas dessa vez voltada à conquista da Liga dos Campeões.

Segundo dados do PSG, o público brasileiro forma a maior parte dos seguidores do clube nas redes sociais, até mesmo mais do que franceses. Em 2014 o time abriu uma rede de escolinhas de futebol no País. Hoje são 4 mil alunos em 18 unidades. "Para o PSG, o Brasil faz parte do DNA do clube. Existe forte relação ainda mais agora com os garotos fãs do Neymar", disse o diretor e sócio da PSG Academy no Brasil, François Marot.

Em 2019, o PSG lançou um programa de sócio-torcedor exclusivo para brasileiros. São cerca de 5 mil participantes. Com mensalidades a partir de R$ 2,90, os fãs podem acompanhar jogos e conferir vídeos exclusivos traduzidos para português. "Uma das premissas do programa brasileiro é não competir com os times locais. O PSG quer se posicionar como parceiro, não como concorrente", diz o diretor executivo do MyParis Brasil, Michel Cardoso.

Estadão
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